Pergunta:
Nos Dez Mandamentos, há verbos no futuro do presente do indicativo com valor imperativo. Como podemos entender isso? Por que «Não matarás» em vez de «Não mate»?
Grato.
Resposta:
Na evolução da língua latina para a língua portuguesa, algumas formas latinas não subsistiram, tais como o futuro do modo indicativo e o imperativo do futuro. O futuro do modo indicativo das línguas neolatinas é uma forma perifrástica constituída pelo verbo haver e pelo infinitivo do verbo que se quer conjugar. Exemplo: «Eu hei-de amar» < eu amar+(h)ei; «eu amá-la-ei < eu ama(r)+la+(h)ei, etc.
Além disso, nas situações muito próximas usamos o presente do modo indicativo, o presente do conjuntivo e o imperativo. Exemplos: «Vais comigo ao cinema?», «Quero que venhas comigo», «Vem comigo».
Um futuro do modo indicativo é usado em situações menos imediatas ou condicionais. Exemplo: «Irás comigo quando puderes.»
Assim, o futuro do indicativo também é usado em frases imperativas que não se aplicam apenas imediatamente, mas com carácter permanente e vinculativo. Exemplo: «Não matarás.»