. - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
.
.
264

.

 
Textos publicados pelo autor
Feira dos Anexins
Por D. Francisco Manuel de Melo

D. Francisco Manuel de Melo (1608-1668), um dos autores mais notáveis do século XVII literário português, deixou por publicar a Feira dos Anexins, que encontrou edição em 1875 por iniciativa de Inocêncio Francisco de Silva (1810-1876), o conhecido autor do Dicionário Bibliográfico Português. Uma segunda edição, de 1916, «não é mais, salvo raríssimas e pouco significativas variantes, do que uma reimpressão da primeira edição» (p. 21). Em 2021, numa nova edição a cargo de Maria Sofia Silva Santos, que fixou o texto e escreveu a nota introdutória e as notas de rodapé, a editora Guerra & Paz recupera esta obra que reúne ditos e trocadilhos seicentistas, muitos deles atestações precoces de usos que continuam cheios de vitalidade na língua hodierna.

Escrito sob pseudónimo humorístico – Doutor Esquadrinha Tudo –, o livro desenvolve-se como uma coleção de textos formados pela sucessão de anexins, termo aqui utilizado na aceção de «dito sentencioso, provérbio ou máxima». Trata-se de um conjunto de nove grandes diálogos agrupados em duas partes e repartidos por subsecções subordinadas a temas («metáforas»). O todo fecha com uma terceira parte que abrange sete relatos («fábulas»).

Os diálogos da  primeira parte incluem ditos e trocadilhos constituídos por metáforas fundadas em diferentes campos lexicais ligados à vida humana – do corpo à espiritualidade e das ações e gestos aos objetos de us...

História Global de Portugal
Por Carlos Fiolhais, José Eduardo Franco e José Pedro Paiva (eds.)

Organizada por Carlos FiolhaisJosé Eduardo Franco e José Pedro Paiva, esta obra, como se lê no texto de apresentação, representa o resultado da «colaboração de 87 autores que trabalham não só em Portugal como por todo o globo, portugueses e não portugueses, especialistas nas mais diversas subáreas da História, como história política, história institucional, história geográfica, história cultural, história da ciência, história económica, história social, história da arte e história religiosa.»

Com coordenação científica de João Luís Cardoso (Pré-História e Proto-História), Carlos Fabião (Antiguidade), Bernardo Vasconcelos e Sousa (Idade Média), Cátia Antunes (Época Moderna) e António Costa Pinto (Época Contemporânea), o volume é constituído por um conjunto de 96 capítulos, a cada um dos quais se atribui uma data ou um intervalo temporal, repartidos por cinco secções. Sucedem-se ao longo das páginas sínteses muito úteis, pois permitem contextualizar a génese, consolidação e expansão de Portugal como comunidade detentora de uma língua própria, mas profundamente implicada nos grandes movimentos políticos e sociais da Península Ibérica, da Europa, do Norte de África e, mais tarde, de todo o mundo, com a intensifica...

Sentimento da Língua
Homenagem a Evanildo Bechara 90 anos
Por Denise Salim Santos, Flávio de Aguiar Barbosa (coord.) e Sheila Hue (org.)

Como se sublinha na apresentação (pp. 9/10), este é um livro que retoma o espírito comemorativo do número 55 da revista Confluência, de homenagem ao gramático brasileiro Evanildo Bechara (Recife, 1928) por ocasião do seu 90.º aniversário em 2018. A publicação de 2020 reúne não só alguns dos especialistas participantes no referido número especial da Confluência, mas também outros investigadores de relevo do Brasil e de Portugal. Comum a todos eles o denominador comum da convivência e da amizade com Evanildo Bechara.

Com organização de Denise Salim SantosFlávio de Aguiar Barbosa e Sheila Hue, e a chancela da Editora Nau, do Rio de Janeiro, O Sentimento da Língua aparece em formato eletrónico, constituído por 17 estudos e quatro textos, estes de intenção mais testemunhal e afetiva, ao encontro dos temas e da trajetória intelectual do gramático brasileiro, também destacado membro (imortal) da Academia Brasileira de Letras.

Entre os trabalhos de cariz académico, refiram-se, por exemp...

O Cânone
Por António M. Feijó, João R. Figueiredo e Miguel Tamen (eds.)

Começa António M. Feijó por afirmar no primeiro ensaio deste volume que, em relação a uma literatura nacional e à avaliação das suas obras, um cânone corresponde ao «elenco de nomes de autores dignos de se ler» (p. 11). É uma definição sucinta que a presente publicação da Fundação Cupertino de Miranda e das Edições Tinta da China, fazendo eco de O Cânone Ocidental (1994) de Harold Bloom, ilustra com 64 ensaios, maioritariamente dedicados a autores que os editores e ensaístas participantes1 têm como os mais importantes da literatura portuguesa.  A expressão definida do título – O Cânone – promete instaurar uma situação de arrogante unicidade referencial que o arranjo gráfico da capa, iconicamente evocativo de pirâmides hierárquicas, acaba por desmentir com ironia.

No seu interior, este livro constitui uma seleção de autores (uns já esperados e outros nem sempre óbvios) associada a temas literários cuja abordagem se pauta por uma deliberada heterogeneidade de perspetivas que justificam o posto dos eleitos nos lugares cimeiros. O Cânone inclui, assim, os nomes de Agustina Bessa‑Luís, Alexandre Herculano, Alexandre O’Neill,

O Essencial sobre a Língua Portuguesa como Ativo Global
Por Luís Reto et al.

Um pequeno volume com o objetivo de dar pistas atualizadas para a compreensão do valor económico da língua à escala mundial, com coordenação de Luís Reto, que é também autor com Nuno Crespo, José EsperançaRita Espanha e Fábio Valentim. Repartida por uma introdução, seis capítulos e uma breve secção de considerações finais, trata-se de uma obra que entende a língua como parte do património económico da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Na introdução, que situa este trabalho em relação a outros (sendo o mais recente o Novo Atlas da Língua Portuguesa, de 2016), frisa-se que a discussão apresentada se centra numa visão da língua portuguesa como ativo económico e estratégico para a CPLP, não abordando aspetos filológicos nem literários.

No capítulo I (pp. 17-22), partindo do paralelo entre a evolução das línguas e a das espécies, aborda-se a questão da atual galáxia linguística, de acordo com a conceção de