Na edição de 30 de Abril do jornal espanhol El Correo Gallego, Xoán Salgado, “defensor del lector” (o mesmo que provedor do leitor nos jornais portugueses), em texto intitulado “Barbarismo, además de neologismo”, fala de um caso exemplar do mau uso do anglicismo, advertindo que a adopção apressada dos estrangeirismos pode conduzir à fragmentação da língua espanhola. Um leitor do “Correo Gallego” conta que, recentemente, um jornalista, por ignorância, escreveu “fishing” em vez de “phising”, neologismo inglês que, através de um jogo ortográfico, designa entre os informáticos a “pesca” de falsas mensagens electrónicas de entidades bancárias. Apesar dos meios expressivos do espanhol, os termos ingleses associados à moda e à inovação tecnológica são hoje recorrentes e muitas vezes mal utilizados, proliferando sem sentido no discurso dos falantes espanhóis, que acabam por deturpar tais palavras e conceber autênticos barbarismos. Xoán Salgado lembra que o recurso desnecessário ao anglicismo, somado ao desconhecimento do seu contexto, pode traduzir-se assim na falta de rigor da expressão, o qual acarreta o empobrecimento linguístico e põe em causa a coesão normativa da língua espanhola.