Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Português na 1.ª pessoa Pelourinho
Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.

A propósito da operação mediática A Mais Bela Bandeira Nacional Humana, formada por milhares de mulheres portuguesas, ouviu-se1 o Hino Nacional de Portugal, cantado por Dulce Pontes – com duas alterações e uma incorrecção. Assim: «Entre as brumas da memória,/ Ó Pátria, ergue-se a voz/ Dos teus egrégios avós,/ Que hão-de levar-te à vitória!»

«Há, naturalmente, ofertas para todos os bolsos (ô) e para todos os gostos»1.
     Em primeiro lugar, a pronúncia: a sílaba tónica do plural de bolso é aberta (bolsosó). Depois, a palavra bolso neste contexto não é sinónima de bolsa. No caso, a expressão adequada seria «há ofertas para todas as bolsas». As bolsas é que contêm o dinheiro; o...

«M.C. não quis esclarecer ao 24 Horas o motivo da demissão».
     A frase, do jornal citado, traz este erro: o verbo esclarecer não se utiliza com a preposição a. O verbo esclarecer pede um complemento directo sem preposição (esclarecer alguém): «Esclarecer o público», «esclarecer os participantes», «esclarecer as pessoas», etc. Pode também pedir um complemento regido da preposição sobre ou da locução acerca de: «Esclar...

«Eu queria-lhes dizer que nós temos que olhar para o futuro».

Numa frase, duas incorrecções de quem a proferiu, o ministro da Saúde português Correia de Campos, num debate sobre o encerramento de maternidades no programa “Prós e Contras”, da RTP-1.

A primeira diz respeito à colocação do pronome e, a segunda, ao emprego de ter que em vez de ter de.

O pronome lhes deveria estar ligado ao verbo que o tem como complemento, que é o verbo dizer: «Eu queria dizer-lhes».

1.«Acho tremendamente enorme que Barcelos, por exemplo, tenha 37% de cesarianas, quando só aceita grávidas normais.»1
     Poderia ter-se considerado tremendo que Barcelos tivesse 37% de cesarianas ou enorme a percentagem de cesarianas. Desadequada foi a utilização do adjectivo enorme para caracterizar ou qualificar o que se exprimiu numa oração («que Barcelos tenha 37% de cesarianas»). O adjectivo enorme liga-se a...

«A questão, porém, persiste. E quando se vê e revê as imagens televisivas da actuação da polícia, quando se lê e relê as notícias nos jornais, a questão que salta à vista é saber...»1
     É, de facto, um erro persistente este dos verbos como ver (ou rever), ler, vender, alugar, etc. conjugados no singular com o sujeito no plural.

     1 São José Almeida, Público de 13 de Maio p.p., pág. 13

Erro ainda pior veio no jornal “24 Horas” de 14 de Maio p. p.: «O presidente do FC Porto alertou para os problemas de segurança que podem existir caso hajam espectadores a mais no Jamor.»

É das regras mais básicas da língua portuguesa: o verbo haver no sentido de «existir» não tem plural; conjuga-se só na terceira pessoa do singular, independentemente de se lhe seguir...

     «Quem se cruzou com o ‘Noivo’ da TVI foi Lurdes Norberto (...). ‘Interessava-se muito por leitura’, conta a actriz que lembra-se de um episódio bem saboroso quando o actor levou o elenco a um restaurante na Póvoa de Varzim (...).»3
     Nas orações começadas pelo pronome relativo que, o pronome pessoal se precede o verbo: «As pessoas que se amam», «os livros que se lêem», «as visitas que...

     Confrontado pelos jornalistas com a notícia da desistência do empresário Patrick Monteiro de Barros da construção de uma nova refinaria em Sines – e das críticas daí decorrentes ao Gover...

De arrepiar os erros de ortografia e de concordância nas legendas e nos rodapés informativos das televisões portuguesas.
     «Ministro das Finanças não vê razões para baixar prespectivas (em vez de perspectivas de crescimento»; «ONU não conseguiu intendimento (em vez de entendimento)»; «China e Rússia põe reservas (em vez de põem reservas)»2.

     2 in “Telejornal” e “Jornal da Tarde” da RTP-1, 9 de Maio de 2006.