Nos últimos tempos grassa nos nossos canais de televisão, rádios e até jornais ou comunicados, o péssimo hábito de – em lugar de fazer uma frase completa – se optar por começar uma intervenção como se de uma enumeração se tratasse, mesmo que seja a primeira frase que se está a dizer ou escrever. Por exemplo, em vez de «Salientar que ...», «Dizer que…» é muito mais lógico e apropriado usar «É importante salientar/dizer que...», «Devo salientar/Devo dizer que… », ou, então, «Saliente-se/Diga-se que...» ?. O uso do infinitivo no início de uma frase fica, no mínimo, estranho e sem qualquer coerência linguística, tanto mais que não se trata aqui de um pedido ou conselho, como o seria num enunciado como «Aguardar a sua vez».
Outro caso é confundir sistematicamente constrangedor e confrangedor. Trata-se (e não “tratam-se”, como é também habitual, cada vez mais, na nossa comunicação social) de palavras parónimas, ou seja, semelhantes aparentemente, mas com valores semânticos diferentes: assim, constrangedor (que é a mais usada mas, por desconhecimento, com o sentido da outra) significa «aquilo que obriga, coage, aperta, restringe, etc.»; por sua vez, o vocábulo confrangedor, este sim, é que tem o significado de «aflitivo, angustiante, entristecedor». Confrangedora, diga-se, é esta confusão!
Já quase generalizada em Portugal, mas erradíssima, é a incompreensível pronúncia da modalidade desportiva que, em língua portuguesa, se escreve râguebi como "reiguebi". Ora, em inglês, escreve-se rugby, o que torna impossível que a pronúncia pudesse alguma vez ser "ei" a seguir ao r!... Ninguém diz, com base na grafia de câmara, "queimara municipal" ou “queimara de vídeo”… Portanto, não faz qualquer sentido deturpar a pronúncia de râguebi, cujo <â> tem precisamente a intenção de se aproximar à pronúncia britânica de <u>.
Ainda a nível de pronúncia, está a tornar-se cada vez mais comum o cacofónico (isto é, de desagradável sonoridade) «vint' i 'catr' oras» por «vinte e quatro horas», sem que tal ocorra apenas num contexto de linguagem familiar.
Erros como os suprarreferidos são, no mínimo, inaceitáveis, sobretudo quando são divulgados através de meios de comunicação que podem ser ouvidos/vistos/lidos por milhares ou milhões de pessoas.