O modismo evidência voltou à tona mediática em Portugal... bem e menos bem empregado.
Como a diferença do sentido de dois verbos da mesma família (mal) trocados redundam em acusações totalmente despropositadas, política e jornalisticamente.
Aconteceu num relato da penúltima jornada da I Liga Portuguesa de Futebol, do desafio Chaves-Vitória de Setúbal. Como a derrota de qualquer dos contendor, agravaria o risco da despromoção de divisão, o segundo golo – na descrição do relator do jogo – tinha lançado o descrédito na equipa mais em risco de descida. Um caso de óbvia confusão lexical.
Acaso a cabeleireira é a mulher do cabeleireiro, ou a picheleira é a mulher do picheleiro? E quanto a outros casos, tantos, de profissões ou cargos hoje já não só exercidos por homens, como agrimensor/agrimensora, condutor/condutora, bombeiro/bombeira, primeiro-ministro/primeira-ministra, pedreiro/pedreira, e por aí adiante? Tem algum sentido, então, o registo de barbeiro como «a mulher do barbeiro»?
«Dilma: "Condenaram uma inocente e consumaram um golpe."
Ex-presidente do Brasil reagiu à votação que ditou o seu afastamento do cargo.
Dilma Rousseff promete recorrer da decisão e fazer a "mais firme, incansável e energética" oposição a Temer.»
[Élvio Carvalho, TVI 24, 31/08/2016]
«(...) É uma fraude, contra a qual ainda vamos recorrer em todas as instâncias possíveis. (...)
Eles pensam que nos venceram, mas estão enganados. Sei que todos vamos lutar.
Haverá contra eles a mais firme, incansável e enérgica oposição que um governo golpista pode sofrer. (...)»
[Dilma Rousseff, ibidem]
Um apontamento de Paulo J. S. Barata sobre uma deturpação da expressão «calendas gregas».
«Mas também é verdade que nas moções ao Congresso do CDS (adiado para as calendas) havia propostas do género e no PSD circulam coisas parecidas…»
(Editorial do Expresso, Primeiro Caderno, 20 de julho de 2013, p. 3).
Wilton Fonseca discorre acerca do verbo investir e das suas flutuações no discurso da imprensa escrita portuguesa.
O pensamento economicista que guia o nosso quotidiano provoca curiosas transformações na maneira como lidamos com determinadas palavras ou expressões. O verbo investir e as palavras a ele associadas (investida, investidura e investimento, entre outras) podem constituir um bom corpus de reflexão, que me foi sugerido por um estranho título ...
Lendo o que se escreve na comunicação social portuguesa, Paulo J. S. Barata dá com outro erro recorrente, o da troca de houve por ouve.
É realmente inaceitável como num jornal de referência como o Expresso (n.º 2119, de 8 de junho de 2013, "Caderno Principal", p. 6) se deixa passar uma destas!
Um apontamento de Paulo J. S. Barata sobre mais um caso caricato de troca de palavras.
O Expresso (n.º 2119, de 8 de junho de 2013, Atual, p. 7) traz um extenso texto sobre a descoberta de uma versão inédita do primeiro poema publicado de Luís de Camões que ficou conhecido como "Aquele último exemplo".
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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