Lusofonias - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Textos que versam sobre política de língua.

Discurso e gramática no Livro do Desassossego*

1. O Livro do Desassossego é uma sucessão de fragmentos desconectados, em que a sequência da paginação não é indicativa da ordem de leitura. No entanto, Pessoa atribui-lhe a designação de «livro».

Mas um «livro», no sentido comum, é um macrotexto. Como tal, seria de esperar encontrar aí uma malha complexa de tópicos entrosados, em progressão rumo a uma conclusão.

Portugal precisa urgentemente de criar as estruturas necessárias para a integração adequada dos seus alunos em contexto multilingue

Todos sabemos que a imigração em Portugal tem aumentado recentemente no número de imigrantes e nas suas diversas proveniências. Sabemos que a escola portuguesa reflecte a entrada no país desses milhares de imigrantes. Mas nem todos sabemos os problemas que existem para as crianças cuja língua materna não é o português e para os professores que estão encarre...

 

O debate sobre o multilinguismo entrou na agenda europeia. A Comissão Europeia (CE) apresentou uma comunicação com o lema "Aprende línguas e serás alguém", o Parlamento Europeu aprovou um relatório e, a partir de Janeiro de 2007, haverá um comissário para o Multilinguismo, o romeno Leonel Orban.

E há muito que pressões na União Europeia para uma “simplificação linguística” se traduzem em riscos de desvalorização, por arrasto, da nossa língua. Os factos são conhecidos, assim como é conhecida a disputa que se trava.

Foi nesse contexto que construí a convicção de que importa levar as instituições europeias a alterarem a óptica por que olham as diferentes línguas, centrando-as no ângulo que mude os “dados estatísticos” da questão. Com todas as consequências.

1. Uma questão de género

Quando vagueamos numa livraria e somos levados a pegar num livro, procuramos no paratexto, mais ou menos inconscientemente, o género ou tipo textual.

 

Longe de Manaus tem uma nota prévia, colocada mesmo antes da epígrafe: "Um romance policial, como se sabe, tem as suas regras. Este não tem."

Ora isto é uma contradição: as regras de um romance policial são regras constitutivas de género. Se este romance não tem essas regras não é um romance policial.

«Nunca empregueis uma palavra nova, a não ser que ela tenha essas três qualidades: ser necessária, inteligível e sonora. Substituir uma palavra usual por outra palavra cujo único mérito é a novidade não é enriquecer a língua, mas aviltá-la».

Voltaire

As palavras são seres vivos que nos querem dizer coisas, exprimir sentimentos, transmitir força ou fraqueza e sobretudo emoções, afinal, tudo isso que se encontra nos seres humanos. Se soubermos vê-las por dentro, sentir-lhes a pulsaçã...

«Tudo começou pela linguagem. Entre os mais antigos vestígios humanos, contam-se os poemas escritos e compilados nos Vedas, em sânscrito, uma língua que desceu com os Arianos das vertentes ao sul dos Himalaias, seguindo o curso do Indo e do Ganges.»

António José Saraiva, O que é a Cultura?

A pátria é a língua. Dói, por isso, ver os maus-tratos que sofre o português, um pouco por toda a parte, no dia a dia, na escrita, na rádio, na televisão ou nos discursos de muitos responsáveis. ...

Acaba de ser publicado um dos ensaios mais importantes que entre nós já foram dedicados aos problemas do ensino da língua e da literatura portuguesa. Trata-se de A Literatura no Ensino Secundário /Outros Caminhos, de José Augusto Cardoso Bernardes (ASA, 2006, col. "Como abordar…").

Professor da Universidade de Coimbra e autor de obras sobre a literatura portuguesa do Renascimento em que avulta a sua tese de doutoramento, Sátira e Lirismo/Modelos de Síntese no Teatro de Gil Vicente, JACB j...

Já por várias vezes me interroguei nesta crónica: para que serve a CPLP? Como é óbvio, não tenho a menor má vontade. Contra uma instituição? É portanto uma interrogação feita de boa-fé. Para que serve? No Brasil, ninguém sabe o que seja. Uma aluna que esteve presente no congresso da AULP em Macau (projecto generoso e bem intencionado) afirmava que em vários anos de curso nunca ninguém lhe falara na CPLP. Mas basta conversar com qualquer brasileiro ligado à promoção da cultura portuguesa para com...

[Foi inaugurada, dia 26 de Maio p.p] em Lisboa, no Parque Eduardo VII, mais uma feira do livro. Escrevo mais uma querendo dizer isso mesmo: mais uma. Mais uma que, presumo, em poucos aspectos se distinguirá das anteriores setenta e cinco.

Uma das raras iniciativas que ainda ligam o Portugal dos nossos dias ao Portugal de 1930 é a Feira do Livro de Lisboa. A mudança mais significativa nos últimos setenta e cinco anos, creio, foi a localização – a feira arrastou-se a custo, tropegamente, pa...