Esta semana, em 15 de janeiro, o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa comemora 28 anos de existência. São 28 anos marcados por um registo quase diário de assuntos relativos ao português e ao seu bom uso. Neste sentido, este espaço da Internet não tem só relevância para o público de Portugal, mas estende-se a todos aqueles que nos vários cantos do mundo falam e se interessam pela língua de Camões. A sua principal missão caracteriza-se pela oferta gratuita de uma ajuda personalizada a questões linguísticas de vários tipos. Para além do espaço dedicado às dúvidas, designado por Consultório, o Ciberdúvidas também oferece aos seus leitores um conjunto de artigos sobre diversas temáticas que estão organizados na rubrica Na 1.ª Pessoa. Divulga igualmente de forma regular na Montra de Livros publicações que têm saído no mercado e que estão relacionadas com a temática da língua.
Embora mantenha uma comunidade de leitores assídua e fiel, o Ciberdúvidas tem sempre procurado chegar a mais pessoas, e desse esforço são exemplos as novas rubricas lançadas recentemente nas redes sociais, «Ciberdúvidas Responde» e «Ciberdúvidas vai às escolas». Não obstante, volvidos 28 anos, importa, para além dos balanços, refletir sobre este projeto e a sua relevância no mundo digital de hoje, sobretudo, diante de leitores que na época da criação deste projeto tinham acabado de nascer ou nasceriam entretanto.
A geração daqueles que partilham a data de nascimento com o Ciberdúvidas é, na sociologia, designada por Geração Z. Estes jovens adultos caracterizam-se por uma compreensão e abertura social à tecnologia. Portanto, não será de espantar que muitos já tenham ouvido falar ou até consultado o Ciberdúvidas. Contudo, será que estes jovens têm por hábito recorrer a esta plataforma quando precisam de esclarecer alguma questão relativa ao português? Ou será que preferem usar outro tipo de fontes que utilizam modelos tecnológicos mais sofisticados como a famosa Inteligência Artificial (IA)?
Responder a estas questões não é tarefa fácil. Em parte, porque o registo da idade dos seus consulentes não é feito pelo site, mas também porque muitos dos jovens adultos da geração Z têm práticas tecnológicas diferentes. Se por um lado, existem aqueles cujas práticas de pesquisa se resumem às redes sociais e motores de busca como o Google, há também jovens que preferem navegar por outro tipo de lugares que apresentam uma resposta mais cuidada do ponto de vista científico. É justamente o rigor nas respostas e no uso de fontes de pesquisa validadas cientificamente o que destaca o Ciberdúvidas dos demais sítios sobre língua portuguesa. E, por conseguinte, para uma geração, que está 24 horas a ser bombardeada com informação, é importante que existam plataformas que tenham por trás pessoas que possuem práticas de pesquisa e seleção de informação, contrariamente ao que acontece em muitas páginas das redes sociais ou nos sites que usam os modelos da IA cuja filtragem de informação reconhecida cientificamente nem sempre ocorre da melhor maneira.
Outro benefício que o Ciberdúvidas traz aos leitores da Geração Z é o seu acervo de dúvidas linguísticas e artigos relacionados com a língua disponível para consulta em qualquer parte do mundo a qualquer hora e que conta parte da evolução linguística que marcou estas últimas duas décadas. Desta forma, o Ciberdúvidas pode ser para muitos jovens leitores uma espécie de biblioteca virtual que lhes mostra parte da sua herança linguística. Para além disso, a prática normativa dos primeiros tempos do projeto tem dado lugar a um olhar mais descritivo e pedagógico, procurando assim representar os diferentes usos e variedades da língua e explicando, com recurso a uma linguagem que todos compreendem, os mistérios do idioma.
Argumentos como estes demonstram que o Ciberdúvidas é uma ferramenta de pesquisa e de esclarecimento de dúvidas útil mesmo para todos aqueles que partilham com ele a época de nascimento e que dominam o mundo tecnológico em que vivem.