No último texto sobre a presença da metáfora nas referências à realidade da pandemia do covid-19, Carla Marques trata o desenvolvimento do campo conceptual de cinema que permite perspetivar o vírus como «um monstro» e os seres humanos como figuras de cinema: astronautas, extraterrestres ou detetives. Sempre vistos como os bons da fita que lutam contra o mal ou como os heróis sem capa, mas com máscara.
As metáforas da covid-19 concebem também esta realidade como uma «corrida contra o vírus», feita de várias provas: «não é um sprint, é uma maratona», mas, por vezes, é preciso «fazer um sprint», é uma «prova de esforço» que, em certas ocasiões, exige «reduzir a velocidade». Metáforas que se espraiam também no campo conceptual das patologias, vendo estes tempos também como uma doença feita de anemia, neurose, febre, embolia, contágio e até morte. Está é uma nova abordagem às metáforas da covid-19, pela professora Carla Marques.
«Para além do campo conceptual de guerra, das catástrofes naturais, também os conceitos de casa e de interrupção temporal se converteram num espaço mental de interpretação da realidade, que levou à criação de metáforas evocadoras dos conceitos de proteção e defesa, isolamento e suspensão de vida, ausência de liberdade e controlo excessivo.» Esta é uma nova abordagem da riqueza metafórica da lingua portuguesa nestes tempos da pandemia do covid-19, da autoria da professora Carla Marques.
A professora universitária Luísa Ribeiro Ferreira dá conta, neste apontamento* divulgado na plataforma 7 margens, da criatividade lexical que a pandemia covid-19 estimulou, com expressões como distanciamento social, etiqueta respiratória, equipamento de proteção individual, entre outras.
* escrito segundo a norma ortográfica de 1945.
«A pandemia que se vive atualmente apresentou-se como um fenómeno ímpar e misterioso, o que fez dela um caminho fértil para o desenho de metáforas.» Tomando como ponto de partida este conceito, a professora Carla Marques explora um conjunto de metáforas do campo da guerra e das catástrofes naturais, que têm sido mobilizadas para falar da pandemia que se vive.
Cloroquiners, covidiota, isolamento, novo normal e lockdown são algumas palavras, termos, neologismos, estrangeirismos, gifs, memes e gírias emergentes no contexto da pandemia de covid-19, que mostra que estamos a viver uma transformação também na língua e o pell da das redes sociais... també na mais pura desinformação.
Artigo do autor publicado no jornal brasileiro Diário da Região, no dia 14 de maio – transcrito a seguir, com a devida vénia.
O novo normal traz palavras para o uso quotidiano e obriga-as a dizer novas realidades. Máscara é uma delas. Mas há palavras que estão ainda a resistir a pertencer a esta nova família de palavras trazida para espaço público com a pandemia que assola o mundo. São elas, como recorda Carla Marques, mascarar e desmascarar.
A descrição das várias realidades envolvidas com o surto planetário do novo coronavírus tem levado a uma mobilização lexical interessante e expressiva, recuperada neste artigo da autoria da professora Carla Marques.
Ainda a propósito de vocábulos recorrentes no discurso que os profissionais de saúde, os media e a população em geral produzem sobre a crise sanitária mundial da covid-19, o tradutor e divulgador de temas linguísticos Marco Neves faz uma viagem ao passado para falar de duas palavras relacionadas com a proteção contra o coranavírus: luva e máscara. Transcrição da crónica que o autor publicou no Sapo 24 e no blogue Certas Palavras em 5 de abril de 2020 (o texto segue a ortografia anterior à atualmente em vigor).
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