(…)
Os erros de ortografia e construção de frases não contaram para a avaliação das provas de aferição dos 4.º e 6.º anos. Justificação do Ministério da Educação: foi de propósito. Quer dizer, não contabilizar os erros fez parte das "técnicas de avaliação". O objectivo era avaliar a "competência de interpretação". E para isso os erros seriam irrelevantes.
Um erro de ortografia pode ser, de facto, menos grave que uma interpretação torta. Não vale a pena discutir estas questões técnicas. Embora o ministério não explique como é que se avalia a interpretação de alguma coisa se não se conseguir percebê-la por erros ou falta de clareza na "construção frásica".
O que é mais questionável nesta decisão é a imagem que transmite aos alunos e à sociedade. De falta de rigor e de exigência.
Que até é um sinal contrário ao que tem vindo habitualmente deste ministério.
Também é preciso não esquecer que as notas destes exames - apesar de não contarem para mais nada a não ser aferir o grau de conhecimento do aluno - vão ser conhecidas, dia 21 de Junho. E que lição tirará de uma nota alta um aluno que faça muitos erros de ortografia? Nenhuma que seja boa e lhe sirva para o futuro.
do editorial do "Diário de Notícias" de 30 de Maio de 2007