Lusofonias Heróis da Língua Portuguesa No Verão de 1982 eu chefiava a equipa da Cruz Vermelha de Angola (CVA) encarregada da operação de socorros às populações deslocadas pela guerra no planalto central de Angola. Nessa qualidade, integrei-me no trabalho do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que actua nas regiões em guerra. Rui Ramos · 4 de julho de 1997 · 3K
Antologia // Portugal Sistema Impuro 1. Claro que o Português é uma língua maravilhosa. A prova é que se um ladrão me roubar eu encontro as palavras necessárias para lhe gritar atrás. Posso é não apanhar o ladrão nem recuperar a mala. Mas mesmo aí, fico com todas as palavras para me queixar, toda a sintaxe para expor, toda a morfologia para descrever a pessoa em causa e o facto ocorrido. E se ninguém me ligar, encontro todas as palavras para me revoltar e para dizer as frases que substituem a batida com a porta. Também para a ir... Lídia Jorge · 27 de junho de 1997 · 4K
Pelourinho Ensinem os legendistas «Haverem pessoas» que maltratam o português já não é novidade. Agora, apanhar asneiras deste calibre em traduções de filmes de inglês para português, feitas por empresas especializadas, é demasiado. O verbo haver, no sentido de existir, não tem plural. Frases como «haverem pessoas que…» não existem, não são português, pelo menos por enquanto. Mas, na passada segunda feira, na série PSI-Factor, passada por um dos canais de televisão portugueses, a TVI, assistimos a uma destas extraordinárias cria... Álvaro Cidrais · 27 de junho de 1997 · 2K
Antologia // Brasil A virgindade das palavras * Os governos mais sábios deveriam contratar os poetas para o trabalho de restituir a virgindade a certas palavras ou expressões, que estão morrendo cariadas, corroídas pelo uso em clichés. Só os poetas podem salvar o idioma da esclerose. Além disso a poesia tem a função de pregar a prática da infância entre os homens. Manoel de Barros · 20 de junho de 1997 · 5K
Pelourinho O destino de Camões No programa «Se a manhã se despenteia», da rádio pública portuguesa Antena 1, da última segunda-feira (16.6.1997), o entrevistado de Simone de Oliveira, José Nuno Martins, afirmava que a palavra destino só aparece na Língua Portuguesa depois das invasões francesas. Acrescentava que Camões nunca utilizou a palavra destino.Mas, se alguém consultar «Os Lusíadas» no Canto IV, estrofe 46, lá está a palavra. Destinos... João Cabrita · 20 de junho de 1997 · 3K
Pelourinho Quem será o Benvindo? Os sacos de plástico oferecidos na Feira do Livro de Lisboa durante a edição deste ano trazem o seguinte apelo: «Feira do Livro, Benvindo - BCI, Banco Oficial da Feira do Livro». Será o Benvindo o autor do texto? Terá o Benvindo de ir à Feira do Livro ou seremos nós bem-vindos à Feira do Livro de Lisboa? Cravado a branco está uma das mais habituais calinadas na língua portuguesa, de tal forma grave que até os sacos coraram com as cores do patrocinador.... Álvaro Cidrais · 18 de junho de 1997 · 4K
Antologia // Portugal Da maneira para bem tornar (1) alguma leitura em nossa linguagem Primeiro: conhecer bem a sentença do que há-de tornar, e pô-la inteiramente, não mudando, acrescentado, nem minguando alguma coisa que está escrito. O segundo: que não ponha palavras platinadas, nem de outra linguagem, mas tudo seja em nossa linguagem escrito, mais achegadamente ao geral bom costume do nosso falar que se pode fazer. D. Duarte · 12 de junho de 1997 · 5K
Antologia // Portugal Menina e Moça * Ela não esqueceu nunca o tempo em que era uma camponesinha descarada que dançava debaixo de aveleiras em flor. Ri facilmente e, ao menor pretexto, tira os sapatos, prende as saias com a mão, parte outra vez ao encontro da sua natureza que aceita mal a convenção e os arrebiques. Tem o latim por pai, é certo, mas um pai com barba vagabunda, alheio à higiene e às declinações. Herdou das mouras uma certa languidez, essa demora no olhar que indica a predisposição para o descuido nos pormenores mai... Hélia Correia · 12 de junho de 1997 · 5K
Lusofonias 7 vozes do português: aproximações para futuros encontros Falado actualmente por cerca de 200 milhões de pessoas, em todo o mundo, o português detém incontornável importância cultural e económica. Segunda das línguas latinas, apenas suplantada em número pelo castelhano, é a sexta mais falada do mundo. Tal peso linguístico, dividido por uma pluralidade de geografias e culturas, cria, naturalmente, grande riqueza vocabular. Emília Ferreira · 12 de junho de 1997 · 4K