Pelourinho Défice de pronúncia Cavaco Silva, ex-primeiro-ministro de Portugal, acaba de lançar um livro sobre a moeda única da União Europeia. Euro chamar-se-á ela. E o professor de Finanças, de tão rigoroso nos números que (diz) desaconselham de todo a regionalização no rectângulo lusitano, esqueceu-se dos cuidados indispensáveis para com a sua própria língua. Por exemplo, ao dizer -- como disse numa entrevista à TSF -- "déficite", quando o aportuguesamento de deficit é há muitos anos dé... José Mário Costa · 29 de outubro de 1997 · 2K
Controvérsias Anti-implementar Implemento é português lídimo – já existia, pelo menos, em 1731, segundo o Dicionário de Morais --, enquanto implementar é um neologismo do inglês "to implement". E enquanto o substantivo implemento até caiu em desuso, o verbo implementar pegou, está na moda (especialmente entre os especialistas das generalidades e das frases feitas), serve para tudo e para nada. Isto é: não serve para coisa nenhuma. Por isso, volto a repetir: é um neologismo mal-formado ... José Mário Costa · 24 de outubro de 1997 · 7K
Controvérsias Pró-implementar «Implementar é um anglicismo mal formado e sem sentido específico em Português. Pode significar tudo: adoptar, desenvolver, executar, completar, começar, tomar, vigorar, etc.» Embora o termo possa ter sido "importado" via inglês, não se poderá dizer que é «mal formado». Viegas Gonçalves · 24 de outubro de 1997 · 4K
Controvérsias Minas antipessoais Se uma mina antipessoal – sustenta aqui ao lado o engº Roseira Coelho, num esclarecimento a uma anterior resposta minha, que desde já muito agradeço – é uma mina contra pessoas ( eu nunca defendi que fosse "para uso pessoal"...), então, o plural será mesmo antipessoais: minas antipessoais. Pessoal é adjectivo, logo, faz o plural pela regra geral: pessoais. José Neves Henriques (1916-2008) · 24 de outubro de 1997 · 3K
Controvérsias Minas antipessoal Na qualidade de ex-oficial sapador devo manifestar o meu completo desacordo relativamente à resposta a uma questão em que se defendia a forma minas antipessoais (in Respostas Anteriores). Uma mina antipessoal é uma mina contra pessoas e não uma mina para uso pessoal. Na minha modestíssima opinião, é um absurdo dizer minas antipessoais. Devo dizer que até me «arranha» os ouvidos !!! O plural de mina anticarro é minas anticarro e não minas anticarros. José João Roseira Coelho · 24 de outubro de 1997 · 4K
Antologia // Portugal Lamentável sabujice A preferência do estrangeirismo ao idioma nacional «Na língua verdadeiramente reside a nacionalidade; e quem for possuindo com crescente perfeição os idiomas da Europa, vai gradualmente sofrendo uma desnacionalização. Não há já para ele o especial e exclusivo encanto da fala materna com as suas influências afectivas, que o envolvem, o isolam das outras raças; e o cosmopolitismo do Verbo irremediavelmente lhe dá o cosmopolitismo do carácter. Por isso o poliglota nunca é patriota.» [Eça de Queirós, in A Correspondência de Fradique Mendes, 2ª. ed. Porto, 1902. pág. 142] Eça de Queirós · 24 de outubro de 1997 · 8K
Pelourinho Pobre Benfica Tanto quanto os debates à volta das eleições do Benfica , só mesmo os disparates que, por via delas, se têm ouvido na rádio e na televisão portuguesa. Nesta última semana, e só para exemplo, fica aqui o registo do que mais arranhou os ouvidos de qualquer lusófono. Na RTP, António Sala, director de programas da Rádio Renascença e apresentador de TV (com responsabilidades acrescidas), parecia um analfabeto no "Domingo Desportivo": "houveram" para aqui e "houveram" para... José Mário Costa · 23 de outubro de 1997 · 4K
Diversidades Os Descobrimentos e eu ... (5) Volto a repetir que devo muito à minha mãe como uma educadora com visão e capacidade de planeamento e execução. Ela tinha muita consciência da importância de contactos sociais. Além de se dar bem com os vizinhos, ela tinha-se apercebido bem da mentalidade colonial de hipocrisia e compadrio para avançar na vida. Ela serviu-se em larga medida de mim para conseguir os seus objectivos sociais e económicos. O meu irmão mais velho não correspondia às expectativas da minha mãe nesse sentido. Teotónio R. Souza (1947-2019) · 17 de outubro de 1997 · 3K
Antologia // Portugal Pobre vogal De todas as vogais portuguesas, a mais desgraçada é o e. Pouca gente, hoje em dia, a sabe pronunciar quando lhe vem à colação. Vejamos os casos em que deve valer i - sem que se ajude a cumprir esse dever. Um dos casos é aquele em que o pobre do e inicia palavra sem força bastante para merecer a designação de tónico. É o caso do e inicial átono... Toda a gente soube, até há pouco tempo, que o e in... João de Araújo Correia · 17 de outubro de 1997 · 3K
Diversidades Os Descobrimentos e eu ... (5) Volto a repetir que devo muito à minha mãe como uma educadora com visão e capacidade de planeamento e execução. Ela tinha muita consciência da importância de contactos sociais. Além de se dar bem com os vizinhos, ela tinha-se apercebido bem da mentalidade colonial de hipocrisia e compadrio para avançar na vida. Ela serviu-se em larga medida de mim para conseguir os seus objectivos sociais e económicos. O meu irmão mais velho não correspondia às expectativas da minha mãe nesse sentido. H... Teotónio R. Souza (1947-2019) · 17 de outubro de 1997 · 4K