Se uma mina antipessoal – sustenta aqui ao lado o engº Roseira Coelho, num esclarecimento a uma anterior resposta minha, que desde já muito agradeço – é uma mina contra pessoas ( eu nunca defendi que fosse "para uso pessoal"...), então, o plural será mesmo antipessoais: minas antipessoais. Pessoal é adjectivo, logo, faz o plural pela regra geral: pessoais.
É o que se passa com outros exemplos conhecidos, cujo segundo elemento seja de natureza adjectiva: antichama; antichamas; anti-séptico/anti-sépticos; antitóxico/antitóxicos; antivenéreo/antivenéreos; etc, etc.
Será, entretanto, o elemento pessoal, do composto mina antipessoal, um substantivo colectivo, tal como na frase minas/s anticarro? Nesse sentido, reconheço, seria correcto, então, o plural proposto pelo consulente Roseira Coelho.
Mas, mesmo assim, pergunto agora eu: se carro é um substantivo de generalizável aceitação tanto no singular como plural (legislação anticarro pode-se aceitar, embora entenda como mais correcto o plural regular: legislação anticarros), já a palavra pessoal, como substantivo (na acepção militar de "o pessoal" da tropa, ou mesmo significando o conjunto de pessoas), parece-me extremamente redutor e... forçado.
Quando hoje se fala das minas "antipessoal", e da campanha que até acaba de ganhar o Nobel da Paz, estamos a empregar a gíria militar, pura e dura? Mas as vítimas, as maiores vítimas, hoje, das tais minas, não são, na sua esmagadora maioria, as populações civis, isto é, as pessoas?
Para além de que não é argumento aceitável essa do "«arranhar» os ouvidos"... É a força do uso do erro: de tão repetido (até nas enciclopédias, não seria a primeira vez...), a versão correcta "até soa mal"... (Por exemplo: como ex-militar, por certo habituou-se a ouvir, e a dizer "estratega", e a ver até, já, dicionarizado o barbarismo – e, no entanto, é estratego a palavra correcta... Acaso o vocabulário mais técnico não tem de se sujeitar às regras elementares da gramática?
Prometo voltar ao assunto, com um estudo mais aprofundado.
E muito obrigado, de novo, pela sua réplica.