Português na 1.ª pessoa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Permitam-me que comece por vos dar um testemunho, talvez pouco protocolar no início de um discurso pelo seu tom pessoal e directo, mas que me é necessário e mesmo imperativo dar: se há uma grande convicção que reforcei ao longo dos quase nove anos que levo no desempenho do cargo de Presidente da República é a de que a causa da afirmação e projecção da língua portuguesa representa um daqueles desafios que, se o não soubermos agarrar, estamos verdadeiramente a falhar uma responsabilidade primordia...

Ou a palavra é o princípio e negação da eternidade ou o eterno só terá começado - sem ter sido concluído - com a palavra. A cosmogonia dos gestos, dos sons, dos símbolos - da palavra, como elemento da criatividade mais inicial, a palavra como princípio de se conhecer a existência. Como princípio de todos os princípios e descoberta da vida pelo conhecimento da morte.

Falar é sermos nós com os outros para se perceber o singular e entender-se também a si. (...)

Por acasos que só o acaso poderá explicar, duas mulheres estão muito em foco nos dias que correm em outros tantos processos judiciais ultramediáticos, em Portugal. É uma mulher quem preside ao julgamento do chamado "caso Casa Pia", no primeiro, e, no segundo, é outra mulher quem dirigiu os interrogatórios a vários árbitros de futebol e ao presidente do FC Porto, Pinto da Costa, no âmbito da operação "Apito Dourado", desen...

Numa tarde chuvosa do Rio do Janeiro, por sinal sábado, decido-me a seguir o conselho de alguns dos meus amigos, e vou ver o filme "Língua". Como se trata de uma obra sobre a língua portuguesa, tema que à partida não tem os atractivos de Bridget Jones, imagino que não haverá na sala mais do que meia dúzia de "gatos pingados" - expressão bem curiosa, porque caracteriza não quem designa, mas o número de pessoas que designa. Apenas um princípio de precaução me faz ir um pouco mais cedo.

E fo...

Qualquer dicionário deve conter – e o Houaiss contém – palavras como convencido, datado, precipitado, reduzido, não porque formas de verbo, mas porque autênticos adjectivos. Por razão semelhante, deve incluir advérbios de modo terminados em «mente». Derivados embora de adjectivos, são vocábulos independentes. E, o que é mais, a relação adjectivo-advérbio é não raro aleatória (qual dos sentidos de «prático» está em praticamente?), ou ambígua (pontualmente tem dois significados), ou problemátic...

Houaiss e a grandeza
O maios e o menos do pretendido «dicionário da lusofonia»

«Publicado no Brasil, em 2001, em papel e CD-ROM, o [Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa] comporta 228 000 termos diferentes. E, visto muitos deles terem mais de uma acepção, atinge 380 000 definições. É obra, e ficamos todos bem-vistos. Tendo-se querido obter "um dicionário da lusofonia", foram reunidos vocábulos de todos os países de língua oficial portuguesa, e é patente uma especial atenção à linguagem de Portugal. [Porém,] as novidades da edição portuguesa, por relevantes que sejam, são percentualmente insignificantes. E, assim, é a todos os directores, brasileiros ou portugueses, que terão de atribuir-se os conseguimentos e os falhanços.»

Artigo do linguista português Fernando Venâncio, publicado na revista Actual do semanário português Expresso, de 6 de novembro de 2004, transcrito a seguir, com a devida vénia.

Na rubrica “Dia a Dia” da revista “Actual” do “Expresso” publicado em 2004-10-30, lê-se, com data de sexta, 22: «Brasília anunciou estar pronta para adoptar o acordo ortográfico da língua portuguesa.»

De facto, dispondo já do seu actualizado Vocabulário, com 350 000 entradas (1998), é agora fácil para o Brasil avançar com o novo acordo. ...

Ao longo dos seus quinze anos de existência a Expolíngua Portugal tem tido como objectivo prioritário promover o multilinguismo e o multiculturalismo, como forma de aproximar povos de línguas e culturas diferentes, assim estabelecendo um melhor conhecimento mútuo e as bases de um relacionamento de paz e desenvolvimento, verdadeiros pilares dos desafios do futuro. Neste contexto tem sido tratada com o relevo que se impõe a língua portuguesa que, a nível internacional, é elo de ligação ent...

A mania de se pronunciar à inglesa tudo e nada já levou a absurdos como o "mídia", o “/aiten/” (item, do latim ‘item’) ou o Al-Qaeda. A última, num anúncio que corre actualmente na rádio em Portugal, é dizerem “/saiber(café)/”, em vez do comezinho cibercafé. Como cibernética; ou ciberespaço; ou, já agora, Ciberdúvidas...

Sábado, segunda e terça, nossos jornais noticiaram seqüestros. Voltou a ser moda. Em Caruaru e no Recife. Sendo a liberdade das infaustas vítimas negociada com seus familiares, em troca de grana. Nenhum jornal falou em “rapto”. Estamos melhorando.

“Seqüestro”, não custa lembrar, é privar alguém de sua liberdade, em cárcere privado. Enquanto “Rapto” é sempre de mulher honesta, mediante violência e para fim libidinoso. As meninas de Serrambi não foram “seqüestradas”, pois. Mas podem ter sid...