Se há coisa que não sou é purista «em matéria de língua portuguesa». Acho "apenas" que é um dos bens que vale a pena conservar, estudar, recriar, talvez proteger – porque somos portugueses, porque temos o dever de zelar por um património falado por 300 milhões de pessoas e porque há momentos em que nos sentimos orgulhosos. Da nossa língua. Estava a ler a notícia da abertura do 8 Marvila, uma área comercial que ocupa os antigos armazéns Abel Pereira da Fonseca e que vai ser inaugurada com a performance "Woyzeck Fuck’em’ol!", não muito longe do lugar onde ficam a galeria Because Art Matters, a The Pastry Lab e a Dear Breakfast, além da The Lisbon Frame (loja de fotografia), da Black Mamba e da Teddy Hats. Felizmente está lá a Galeria Zé dos Bois que, como se sabe, vai em sentido contrário, traduzindo a homenagem ao alemão Joseph Beuys. Eu sei, eu sei, é o turismo, é o cosmopolitismo e tudo o resto. Não, não quero proibição nenhuma, lei nenhuma. Estava só a lamentar-me. Just complaining, queria eu dizer.Crónica publicada no Correio da Manhã de 19 setembro 2023.


