Conjunto de termos usados para a descrição linguística, traduzidos, com a devida vénia, do apontamento "Les mots pour le dire", publicado na edição de dezembro e 2022/janeiro 2023 de Le Monde Diplomatique.
Afixo. Elemento modificador do sentido ou do valor gramatical de uma palavra, que a ela se junta no início (prefixo), no meio (infixo) ou no fim (sufixo). Exemplo, o prefixo co- em coacusado.
Aglutinante1: Língua que funciona adicionando elementos (afixos) ao radical de uma palavra; é o caso da língua falada pelos Inuítes [membros da nação indígena esquimó] (o inuktitut) e todas as línguas esquimó-aleutas.
Argot. Língua por vezes secreta, específica de um grupo social geralmente fechado (gíria militar, do submundo, dos tipógrafos, etc.).
Consoante: (em fonética) Som resultante de um obstáculo à passagem do fluxo de ar expirado por uma paragem no trato vocal ou por uma contração deste.
Crioulo. Língua resultante da fusão de um ou vários sistemas linguísticos em contacto com uma língua europeia.
Dialeto. Variante regional de uma língua, geralmente intermédia entre esta e um patoá mais localizado.
Diglossia: bilinguismo incluindo uma linguagem valorizada na esfera pública e outra relegada para situações informais.
Ditongo. Vogal que une dois timbres quando é emitida (exemplos: Haus em alemão, nose em inglês). Em francês, existem apenas ditongos falsos, que são na verdade dígrafos, ou seja, duas letras que formam um único som, como em toi.
Galimatias. Enunciado confuso e ininteligível por falta de lógica.
Glotofobia. Desprezo ou ostracismo em relação a uma língua, uma variante linguística ou sotaque.
Gramática. Regras e estruturas de uma língua que permitem a expressão escrita e oral.
Grafema. Unidade mínima num sistema de escrita.
Idioleto. Variante individual de uma língua.
Idioma. Designa qualquer instrumento de comunicação linguística usada por uma comunidade (língua, dialeto, patoá, etc.).
Jargão. Vocabulário e expressões pouco ou nada compreensíveis, exceto para o grupo que os cria num ambiente profissional (jargão policial) ou numa atividade (futebol).
Langue de bois «Língua de pau»). Expressão idiomática, muitas vezes preconceituosa, que reflete um ponto de vista dogmático ou tenta fugir a uma pergunta embaraçosa.
Língua nacional. Idioma(s) de uma país, sem ter estatuto de língua oficial.
Língua nativa. Lngua materna adquirida desde a infância.
Língua oficial. Definida pela constituição de um Estado (ou o texto fundador de uma organização internacional) para a redação de textos oficiais e a comunicação com os cidadãos, ou membros. Um mesmo Estado pode ter várias línguas oficiais. A(s) língua(s) oficial(is) também servem geralmente para ensinar, para a escrita nos media e nos tribunais.
Língua veicular. Falada por vários povos ou comunidades linguísticas.
Língua vernácula: Usada apenas dentro de uma comunidade.
Língua franca. Língua auxiliar de comunicação entre grupos linguísticos. distintos.
Morfema. Unidade mínima de sentido da língua.
Ortografia. Regras e usos que regem a escrita de uma língua.
Falar. Variante localizada de um idioma, específico de um grupo circunscrito geograficamente.
Parlure. (no Canadá). Forma de falar específica de um pequeno grupo, ou mesmo de uma pessoa..
Patoá: Expressão geralmente oral e limitada a uma pequena área, muitas vezes rural.
Fonema. Unidade mínima de som, não divisível.
Pidgin. Linguagem de comunicação bastante rudimentar, criada através do contacto com uma língua europeia (constitui uma etapa de formação do crioulo).
Sabir. Jargão limitado a algumas regras de combinação, com um vocabulário restrito a um campo social; originalmente uma mistura de árabe, italiano, espanhol e francês falada no norte da África e no Levante por comerciantes.
Socioleto. Sistema linguístico com uma sintaxe própria usada por um dado grupo social.
Substrato. Selementos da linguagem de populações indígenas cuja influência é percetível na língua que se impôs. Exemplo: o substrato celta do francês.
Superstrato: Selementos de uma língua introduzidos noutro idioma, que o influenciam sem o substituir. Exemplo: os superstratos normandos e franceses do inglês.
Sintaxe. Regras linguísticas mais ou menos codificadas que comandam a ordem das palavras numa frase e a forma de as conectar.
Vogal. Som resultante de um fluxo livre de ar exalado pelo canal bucal, ou em comunicação com a cavidade nasal. Em francês, uma única vogal, em sentido fonético, pode ser composta por várias vogais (letras) no sentido gráfico, como em eau [o].
1 Uma língua tradicionalmente classificada como aglutinante é o turco. Por exemplo, «okulumdayım significa "Estou na minha escola", analisado como okul ("escola"), um (sufixo que indica possessivo na primeira pessoa do singular), da (sufixo que dá ideia de localização, que pode ser traduzido como "em" em português) e ım (indica que o verbo está na primeira pessoa do singular). Usa-se o y em yım quando um sufixo, neste caso da, termina em vogal e o seguinte, neste caso ım, começa com vogal» (comunicação do consulente Luciano Eduardo de Oliveira).
Tradução do apontamento "Les mots pour le dire", publicado no mensário ftrancês Le Monde Diplomatique,n.º 186, dezembro 2022-/aneiro 2023. Edição, do original, do jornalista Olivier Pironet.