O adjetivo vulnerável tem honras de palco na atualidade por permitir descrever diferentes ângulos da relação entre a humanidade e a ação do vírus SARS-CoV-2.
Por um lado, vulnerável descreve uma realidade de natureza observável ou palpável, a de alguém que pode ser ferido ou golpeado, o que lhe pode causar um mal físico. É justo, por esse motivo, afirmar que a humanidade se encontra vulnerável ao vírus, uma vez que este tem a capacidade de provocar agressões físicas.
Por outro lado, o adjetivo vulnerável descreve também o estado daquele que se encontra indefeso face a uma agressão psicológica. Igualmente neste domínio, o adjetivo descreve na perfeição a ação do vírus sobre os humanos, porque, na verdade, a sua ação vai muito além da doença do corpo, os danos mentais que deixa estão à vista, são de todos conhecidos e parecem bem mais prolongados do que os anteriores.
Vulnerável pode ainda ser usado em contexto bélico para descrever aqueles que podem ser atacados. Vulneráveis estão também os seres humanos que continuam à mercê de um vírus que se reinventa, mostrando que aquele que se considerava forte e invencível não passa, afinal, de um ser indefeso e frágil.
Áudio disponível aqui
[AUDIO: Carla Marques - Vulnerável]
Apontamento da autora no programa Páginas de Português, emitido na Antena 2, no dia 9 de maio de 2021.