Uma das consequências da covid no plano linguístico está relacionada com a entrada no léxico quotidiano de inúmeras palavras oriundas da área científica. De repente, todos usamos termos que até há bem pouco tempo se encontravam circunscritos a domínios específicos do trabalho na área da ciência.

O termo Rt é disso um bom exemplo. Trata-se de uma sigla formada a partir das letras iniciais de rácio de transmissibilidade, um indicador que descreve o risco de contágio associado a cada pessoa infetada. Já todos sabem que um Rt igual ou superior a 1 é mau sinal, pois indica que cada pessoa infetada contagia uma ou mais pessoas, logo a epidemia está em fase de crescimento.

Da terminologia científica vem também a palavra incidência, que diz respeito à frequência de aparecimento de novos casos da doença. Assim, enquanto o Rt estiver abaixo de 1, e mesmo que suba de 0,7 para 0,9, por exemplo, a incidência estará a baixar porque os novos casos estão a diminuir, mas se o Rt subir para 1 ou mais, a incidência vai crescer porque o número de novos casos está a aumentar. Dizem os especialistas que esta combinação de subida de Rt e da incidência devem constituir a verdadeira preocupação no plano da evolução da pandemia.

E esta vai sendo a abordagem matemática que vai ocupando os dias que correm: vamos olhando os números e sonhando com conversas bem menos científicas.

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[AUDIO: Rt e incidência]