Em Portugal, o calendário de exames de 2019/2020 foi alterado para fazer frente à grave disrupção causada pela pandemia de covid-19 também na vida escolar.
Neste contexto, realizou-se em 6 de julho de 2020 o exame nacional da disciplina de Português do 12.º ano, a qual a Associação de Professores de Português (APP) deu um parecer globalmente positivo (ler aqui).
Contudo, em 11 de julho de 2020, na edição eletrónica do jornal Público, o poeta, crítico literário e professor António Carlos Cortez rejeitava a prova, interrogando o seu propósito: «Pergunto, como professor e educador: o projecto é acabar com a disciplina de Português? Está em gestação eclipsar, matar, a literatura portuguesa?»; e sustentava: «Só encontro uma explicação para este exame: foi feito por professores que detestam cultura e desprezam o pensamento.» Este ponto de vista foi reforçado noutro artigo divulgado também no Público e na mesma data, da autoria de Elisa Costa Pinto, professora de Português e autora de manuais desta disciplina. Refutando as críticas em 13 de julho 2020, ainda no referido jornal, Maria Regina Rocha, professora de Português e coautora do Programa e Metas Curriculares de Português do Ensino Secundário, defendia que «esta prova de exame de Português do 12.º Ano corresponde ao exigido, pois respeita o indicado nos referidos documentos de referência».
No intuito de registar os momentos mais acesos desta discussão, transcrevem-se aqui, com a devida vénia, dois dos referidos artigos:
– de Elisa Costa Pinto, o texto "O inenarrável exame de Português", muito crítico das opções e da formulação do exame;
– e, contrariando esta visão, o artigo que Maria Regina Rocha escreveu com o título "A qualidade do exame de 12.º ano".