Assistindo à apresentação de um projeto, por uma professora universitária, surpreendi o uso da expressão: "mote de partida". A frase – cito de memória – era algo como: «aquilo foi o mote de partida para o arranque do projeto»… Ainda que porventura mais dissimulado, este é um novo exemplo de pleonasmo vicioso da mesma igualha de "implodir por dentro", "subscrever por baixo", "exéquias fúnebres", "dementes mentais" ou "intercâmbio mútuo", que já aqui abordámos. É que o mote é sempre o início, o princípio, o ponto de partida de algo que depois se desenvolverá… O que com mais correção poderia ter sido dito era «o ponto de partida do projeto» ou simplesmente o «mote para o arranque do projeto»…
Sendo usado como recurso estilístico na linguagem literária para reiterar e intensificar um pensamento, uma ação – como em «vi claramente visto» – ou por vezes como reforço expressivo na linguagem corrente – como em «ver com seus próprios olhos» – a maior parte das vezes o pleonasmo, por desnecessário e vicioso, deve ser evitado. Além dos casos referidos acima, é o que acontece com expressões como: «fazer uma "breve alocução"», «ter o "monopólio exclusivo"», «ser o "principal protagonista"», "destruir completamente", "decisão final", "recuar para trás", "acabamento final", "lograr conseguir", "consenso geral", "todos foram unânimes", além dos inevitáveis "subir para cima" e "descer para baixo", entre muitas outras expressões.