Em 2003, escrevi que o tempo ditaria se a língua portuguesa precisaria ou não do termo glamoroso. Em 2010, o consulente garante-nos que a palavra faz falta à língua porque nenhum dos sinónimos cobre totalmente o seu sentido, que, se bem entendo, na sua opinião é sempre negativo.
No entanto, os dicionários não lhe atribuem essa conotação negativa. No dicionário em linha da Porto Editora, de glamoroso diz-se apenas «que tem glamour», mas para glamour surgem as seguintes definições: «charme e encanto que possui alguém ou algo (local, desporto, etc.) atraente, sofisticado, interessante e que está na moda.» No dicionário da Academia não surge o adjectivo, e a glamour associa-se encanto. Por seu lado, no dicionário da UNESP, S. Paulo, dão-se, para glamour, os seguintes sentidos: «encanto, magnetismo, charme», e a glamoroso, que aí surge registado como glamouroso, atribuem-se os sentidos de «charmoso, deslumbrante, encantador» e abona-se com a seguinte frase: «Aquele hotel é o mais glamouroso da cidade.»
Duas conclusões poderemos retirar: por um lado, o tempo parece ter corrido a favor da palavra. Entrou na língua portuguesa, provavelmente para ficar; por outro lado, nada indica que o sentido de glamoroso seja apenas negativo.