Onde pára a vírgula?
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Onde pára a vírgula?
1. Há os que reduzem os especialistas da língua a pessoas que sabem pôr vírgulas. E há os que se preocupam, justamente, com o uso funcional da vírgula. É que este sinal de pontuação tem relações caprichosas com diferentes elementos da frase: ora tem um comportamento fiel (no caso do zeugma), ora é mais inconstante (no caso do gerúndio).
2. Pontuação e ortografia — os dois pilares da escrita: será que estão a ser abalados? No que toca à ortografia, há sem dúvida motivos para retomar a reflexão.
3. Para além dos aspectos do...
Não é bem assim...
Não há regra sem excepção. Mas quando as excepções são muitas, é provável que a regra não sirva. É o caso de algumas descrições dos diminutivos.Em português, é fácil formar um aumentativo: junta-se um sufixo, por exemplo, -ão ou -zão. Contudo, o uso não explora plenamente esta possibilidade, e há casos que causam estranheza: "melãozão"?«Cair em si» é uma expressão idiomática ou fixa. Isso não quer dizer que a frase «caí em mim» esteja errada só porque o pronome mudou.Anda-se a empregar as expressões «função "de" seno» e «raios "de"...
Os cliques da língua
1. Na televisão e nas ruas de Portugal, o português brasileiro está sempre presente. Nas respostas deste dia também, quando se mostra que, no Brasil, o gerúndio é mais frequente do que na norma-padrão europeia; que um termo médico pode ter forma diferente; que esse muitas vezes significa «este». Contudo, há uma história e um conjunto de regras comuns: formoso é uma palavra antiga; júnior e sénior têm respectivamente os plurais juniores e seniores; o uso do hífen tem os mesmos critérios em compostos de substantivos.2. Falta...
Da palavra à sílaba
São tópicos desta actualização:— as relações lexicais como a antonímia (p. ex., o contrário de instalação);— a onomástica, a propósito da origem do apelido Castanheira;— a estilística, mais concretamente, a análise de casos de personificação e de perífrase;— a sintaxe, com o regresso das regências e dos clíticos;— finalmente, a eterna questão da divisão silábica....
Imaginação de falante
As palavras vêem o seu uso constantemente recriado, como acontece num poema em que surge a palavra lanterna. Outras vezes, ingenuamente, inventamos etimologias: diz-se que um bicho-carpinteiro foi um «bicho no corpo inteiro», mas não é bem assim; sugere-se que ceia e cena têm a mesma origem, e não é verdade. Queremos que um texto faça sentido, mesmo quando o verbo endeusar deu gralha. Por fim, esgotados, não nos passa pela cabeça qual é o masculino de rã, nem descobrimos o aumentativo de relógio, nem percebemos por que diabo «o prazo...
Na diferença é que está o ganho
1. Quando nos perguntam se o correcto é a forma x ou y (diz-se sobrelotado ou superlotado; interregno ou intervalo; irmãmente ou fraternalmente?) e a resposta leva à conclusão de que ambas estão correctas, pode haver alguma desilusão, porque, de um modo geral, todos nós procuramos situações unívocas na vida e no saber em geral. Mas as línguas não são assim — e ainda bem, pois munem os falantes de múltiplos recursos em alternância, viabilizando matizes de sentido e pequenas diferenças na maneira de captar o mundo.
2. É justamente a...
As formas e os usos
1. Muitas vezes há hesitação no uso dos particípios passados (está aceso ou acendido?); outras vezes dá-se peremptoriamente por incorrecto aquilo que o não é (ter pagado é erro?). Mas há formas participiais que não deixam dúvidas se as testarmos em diferentes contextos: nunca ninguém ouviu dizer «As descobridas marítimas dos portugueses»...Outras hesitações devem-se ao facto de, por vezes, a língua parecer que nos prega partidas. Veja-se que pontão não é aumentativo de ponte, assim como janelo não é o masculino de janela, nem...
Sonhais, podeis, partis
É uma evidência que a língua portuguesa — qualquer língua — evolui e se modifica. Tal implica perdas e aquisições de formas lexicais, de construções e de realizações fonéticas. Mas isso não autoriza a que se assuma, numa dada sincronia, a extinção iminente de uma forma quando, de facto, não é isso que acontece.Quando se diz a um aluno de português língua estrangeira que a 2.ª pessoa do plural já não existe em português, há aí, no mínimo, alguma precipitação, posto que nas regiões do Minho, Douro e Beira Interior (Portugal) esta forma...
A calota que derrete, o calote que se prega...
1. Estão a derreter nas regiões polares e já não preocupam só os ambientalistas: são as calotes ou calotas de gelo. No Pelourinho, recorda-se que o substantivo do género feminino calote/calota não deve ser confundido com calote, no masculino.2. Os tópicos deste dia são diversificados. Saiba: — o que é uma « postura holística»; — que há nomes próprios híbridos, autênticas amálgamas; — que directo pode ser advérbio; — por que razão conta-cliente deve ter hífen; — que se diz « as Lajes» (topónimo das Flores e de outras ilhas dos Açores)....
Palavras: quanto mais usadas, mais estáveis
1. Quando a cobardia, o deixar os outros de rastos, o arriar a giga têm mais peso do que a civilidade, os efeitos são nefastos para o avanço cultural de uma comunidade. «Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal»?
2. Sabia que a palavra eu (assim como palavras correspondentes de 87 línguas) foi uma das que menos mudaram na sua constituição fonética ao longo de milénios? Não é por acaso: eu é o deíctico por excelência, o pronome que permite a auto-referência — lugar onde tudo começa....
