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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

«Qual Cristóvão Colombo da linguística, Benveniste descobriu uma coisa muito diferente da que se propunha descobrir, e, igualmente, essa descoberta parcialmente acidental era muito mais importante e muito mais nova do que a que estava no seu espírito fazer» (Fernanda Irene Fonseca 1994 — "O perfeito e o pretérito e a teoria dos níveis de enunciação" in Gramática e Pragmática, Porto Editora, p. 41).

Criar, adoptar e combinar novas perspectivas de análise da língua em uso é uma actividade não afecta apenas à defesa da integridade da língua em questão, mas também à defesa da integridade dos indivíduos que a falam.

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Para poder deixar de errar, há uma tarefa prévia e fundamental: encarar o erro, aceitar que ele existe. Isto é válido para qualquer área de actuação, entre elas a linguística.

O levantamento das dificuldades de expressão escrita — gramaticais, ortográficas, lexicais e discursivas — é a tarefa do projecto de investigação intitulado A Competência em Português dos Estudantes Universitários em Moçambique, do Departamento de Línguas da Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane, Maputo.

Este é, sem dúvida, um tipo de estudo que falta fazer no ensino universitário em Portugal.

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Picasso — «Quer dizer que pega numa ideia bela e transforma-a no que ela vai ser na realidade?»

Einstein — «Precisamente. Criamos um sistema e verificamos se os factos encaixam nele.»

Picasso — «Portanto, não está só a descrever o mundo como ele é?»

Einstein — «Não. Estamos a criar uma nova forma de ver o mundo.»

Picasso — «Está-me a dizer que sonha o impossível e ele acontece?»

Einstein — «Exactamente.»

É com este trecho de uma peça de Steve Martin que Carlos Fragateiro termina o seu artigo, explicando a força renovadora do motor da língua. Uma boa ideia para começar a semana.

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1. O Governo português já decidiu que o Museu da Língua Portuguesa de Lisboa ficará em Belém, no edifício que acolheu o Museu de Arte Popular. Recorde-se que este projecto foi lançado em 2006 pela anterior ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, pouco depois da inauguração do Museu da Língua Portuguesa de S. Paulo.

2. Um sítio da Internet disponibiliza um inquérito que permite aos cidadãos europeus manifestarem pontos de vista e apresentarem propostas ao presidente da Comissão Europeia, o português José Manuel Durão Barroso. São línguas de comunicação o inglês, o francês, o alemão, o polaco, o espanhol e o italiano. Mas... então, e a língua portuguesa?

3. Na sexta-feira, 8 de Maio, às 13h15*,  na RDP África, o programa Língua de Todos (com repetição no sábado, 9 de Maio, depois do noticiário das 9h15*) propõe um olhar — da linguista Ana Martins — sobre a qualidade do português escrito nos jornais portugueses.

4. O tema central do Páginas de Português de domingo, 10 de Maio (às 17h00, na Antena 2) serão os erros, as gralhas, as desatenções e as (des)qualidades do texto escrito, hoje, na imprensa portuguesa. E ainda a polémica à volta do Acordo Ortográfico.

* Hora oficial portuguesa.

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1. Vem aí a primeira base de dados electrónica de revistas e jornais científicos de língua portuguesa, com cerca de 200 títulos periódicos. Criada pela editora norte-americana EBSCO Publishing, esta base de dados vai «abrir o mais possível ao mundo o trabalho dos académicos e também levar a língua portuguesa mais longe, através da Internet», declarou o director do Serviço Integrado das Bibliotecas da Universidade de Coimbra (SIBUC), Carlos Fiolhais.

2. Ainda em Portugal, a Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular (DGIDC) tem em linha a versão final dos testes de diagnóstico de Português Língua não Materna (PLNM). Trata-se de testes-modelo que foram elaborados por uma equipa de investigadores do Instituto de Linguística Teórica e Computacional (ILTEC) e que as escolas podem adaptar às suas necessidades.

3. O programa Língua de Todos, na sua emissão de sexta-feira, 8 de Maio (às 13h15* na RDP África; com repetição no sábado, 9 de Maio, depois do noticiário das 9h15*), propõe um olhar — da linguista Ana Martins — sobre a qualidade do português escrito nos jornais portugueses.

* Hora oficial portuguesa.

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1. No-lo e tem-lo serão ocorrências pouco habituais no português hodierno de Maputo, Luanda, Rio de Janeiro ou Lisboa. Mas documentam processos fonéticos do passado, estão correctas e à disposição de quem queira usá-las.

2. O Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa (CLUNL) organiza entre 2 e 4 de Julho próximo a GRATO — Conferência Internacional sobre Gramática e Texto. Os interessados poderão obter mais informação na página deste encontro.

3. O Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA), a Fundação Vodafone Portugal e a Câmara Municipal de Loures promovem, no domingo, dia 10 de Maio, um apelo à criação de uma rede de corredores verdes para a Área Metropolitana de Lisboa. Sob o mote «Nós Pedalamos», os participantes são convidados a pedalar por esta causa num passeio de bicicleta com início às 9h00 junto ao Terreiro do Paço e chegada ao Parque da Cidade em Loures. Com um número crescente de adeptos, a iniciativa tem neste ano por madrinha a fadista Mafalda Arnauth.

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Em declarações à margem da inauguração da 79.ª Feira do Livro de Lisboa, o ministro da Cultura português, José António Pinto Ribeiro, realçou a necessidade da edição nacional de um vocabulário ortográfico de língua portuguesa (VOLP), cuja elaboração poderá não ficar a cargo da Academia das Ciências de Lisboa, visto esta, segundo o ministro, ter «pouca capacidade instalada para fazer isso». Para Pinto Ribeiro, fortalecer a Academia ou «pensar nessa capacidade com outras entidades ou até criar uma nova entidade» são opções possíveis. E assim se espera pela aplicação de um novo acordo ortográfico em Portugal.

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1. Há vida no adjectivo, os mestres do futebolês que o digam. E que tal reabilitá-lo? É o repto lançado por Ana Martins em mais um Pelourinho.

2. «A necessidade de sermos do nosso tempo e do nosso mundo exige línguas abertas ao cosmopolitismo» — afirma Mia Couto num texto que convida ao debate e que se divulga em Lusofonias.

3. Nas Notícias, dá-se conta da integração do português no currículo escolar uruguaio e da 1.ª edição da Escola de Verão, a decorrer entre 29 de Junho e 3 de Julho no Centro de Linguística da Universidade do Porto.

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1. Quando o verbo da predicação está flexionado no plural e o sujeito no singular, ou vice-versa, as culpas vão para a desatenção, a pressa ou factores contextuais diversos. Mas, conforme se automatiza o erro, também se automatiza a forma correcta. Basta ter gosto em fazer as coisas bem feitas...

2. É o tema central da 63.ª emissão do programa televisivo Cuidado com a Língua! (dia 4 de Maio, na RTP1, 21h18*): porquê o uso e o abuso dos estrangeirismos (e dos  anglicismos em particular) na comunicação social portuguesa… para lusófonos, havendo, quase sempre, e há muito, a correspondência na nossa língua? São os casos de “overbooking”, “feedback”, “low-cost”, “resort”, “fash interview”, “cal center”, “car jacking”, “Carlsberg Cup”, “chief operating officer” (COO), “mídia", etc., etc., etc. Uma inevitabilidade ou, antes, um modismo acrítico de quem, elites e jornalistas com acesso directo ao que lhes chega da língua da globalização, sofre, cada vez mais, de um défice de português – e de esmero pela sua própria língua? Com a participação da actriz Lúcia Moniz, contracenando com o apresentador do programa, Diogo Infante.

3. O programa de rádio Língua de Todos, na sua emissão de sexta-feira, 1 de Maio (às 13h15*, na RDP África; repetição no sábado, às 9h15*), vai centrar-se na construção de texto e de frase. Basta escrever-se o que quer que seja para estarmos em presença de um texto? Construir frases será só juntar palavras? Qual a utilização correcta das preposições a, com, de e em? O Páginas de Português (domingo, 3 de Maio, às 17h00*, na Antena 2) terá como tema o monumental Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (mais de 350 mil palavras), que a Academia de Letras do Brasil acaba de publicar (também, já, em Portugal), segundo as novas regras do Acordo Ortográfico. E Portugal o que está a fazer? E quanto ao tão necessário Vocabulário (verdadeiramente) comum? A opinião de vários linguistas (entre eles, Margarita Correia e Ivo Castro) e do ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro.

4. Devido ao feriado do 1.º de Maio, as actualizações do Ciberdúvidas regressam na segunda-feira, 4 de Maio.

* Hora oficial portuguesa

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De uma maneira geral, nós, falantes, somos muito injustos para com as palavras. Veja-se o caso do verbo ficar: sendo uma palavra muito frequente, é raro recebermos perguntas que a envolvam. E, no entanto, a diversidade de construções que este verbo potencia é verdadeiramente surpreendente.

Se pensarmos em ficar como verbo copulativo, há o ficar burro, ficar parvo, ficar doido, que é diferente de ser burro/parvo/doido: ficar burro engrena o sentido de resultado, de causa ou de início de uma situação; ser burro exprime simplesmente um estado. Há também o ficar com uma grande cachola, o ficar com a pulga atrás da orelha e há simplesmente o ficar-se...

Mas ficar pode ser também verbo auxiliar e então temos o ficar a ver navios ou o ficar pensando.

Vale a pena, a este propósito, (re)ler o artigo de José G. Herculano de Carvalho, «Ficar em casa/ficar pálido: gramaticalização e valores aspectuais».