1. Em Moçambique, têm lugar, em 15 de outubro, as eleições gerais e das assembleias provinciais. No plano linguístico, a campanha que decorreu ao longo de 43 dias não foi alheia à inovação lexical, como o comprova o uso do termo showmício para designar os eventos que fecharam a campanha (cf. notícia). Esta expressão designa uma "reunião pública de cidadãos em que se combina música e discursos de cariz político" (Dicionário Priberam) e trata-se de um termo já dicionarizado, previsto para a variante brasileira do português. Este momento importante na vida dos moçambicanos leva também a que aqui recordemos algumas questões linguísticas que têm sido tratadas no Ciberdúvidas, nomeadamente o facto de neste país o português ser falado por cerca de 39% dos moçambicanos. Esta variedade do português tem evoluído sobretudo no plano fónico e, em parte, no plano sintático, como explica Perpétua Gonçalves, linguista moçambicana, que estudou também a génese do português de Moçambique (obra apresentada aqui). Outros artigos importa recordar: «Escrita, língua portuguesa e poder em Moçambique», «Moçambique ratifica Acordo Ortográfico» e «A reinvenção da língua portuguesa em Moçambique».
2. Diferentes situações do quotidiano motivam quer a criação lexical quer a recuperação de palavras já existentes (mais ou menos adormecidas). Mas, é também possível que se assista à utilização de palavras que, na verdade, não existem ou que não têm necessidade de ser criadas. Na nova atualização do Consultório, encontramos situações desta natureza nas palavras "impatríota" e micragem. No plano das classes de palavras, é a palavra incessantemente que motiva uma dúvida sobre a sua inserção numa dada subclasse. Por fim, uma questão relacionada com a possibilidade de flexionar no plural a locução «tal que».
3. A banalização da palavra declaração tem contribuído para que esta perca o traço semântico de alguma solenidade que assumia em tempos passados. Quem o constata é o jornalista Luís M. Faria, num artigo (originalmente publicado na Revista do semanário Expresso do dia 12/10/2019) que demonstra como os verbos dizer ou afirmar parecem ter caído em desuso, pois atualmente quem quer marcar o espaço mediático «faz declarações».
4. O alcance da língua portuguesa no mundo é um facto notável que fica bem patente não só no seu atual número de falantes como também na influência que esta deixou noutras línguas. Prova disso é o pequeno vídeo da SBS rádio, que destaca um conjunto de palavras comuns entre o português e o bahasa indonésio, uma língua adaptada com base nos modelos do malaio e do neerlandês. Estima-se que esta língua tenha mais de 100 palavras herdadas do português.
5. O 23.º programa da 10.ª série do magazine televisivo Cuidado com a Língua! passa na quarta-feira, dia 16/10/2019, na RTP1 (depois das 21h00*), com uma visita guiada ao Palácio de Belém. Em foco um conjunto de curiosidades histórico-linguísticas em torno da residência oficial do Presidente da República português (notícia aqui).
6. Alguns destaques relacionados com a língua e as suas diversificadas áreas de influência:
— O jornal digital brasileiro Nexo divulgou um artigo que elenca os nomes de bebés mais populares em 2017, em São Paulo. Entre os nomes do género feminino, encontramos Maria, Ana e Alice, e entre os do género masculino, Miguel, Davi e Arthur (ver notícia);
— A língua portuguesa é oferecida no sistema de ensino em 33 países, facto que resulta do esforço de consolidação e expansão do ensino da língua portuguesa no mundo, uma das metas do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua (ver notícia).