A rigor, o uso do artigo definido com nomes de países ou cidades não se reduz a uma cómoda generalização gramatical. Em vez disso, há grandes tendências e muitas exceções, justificadas pela história feita tradição, como já se tem observado nestas páginas.*
Mas parece que a tradição já não é o que era, visto que, a propósito do resgate cipriota, no contexto da crise na União Europeia, os media portugueses dizem e escrevem que tudo se passa «no Chipre». Na realidade, este nome não ocorre com artigo definido, como se verifica na expressão oficial República de Chipre (cf. versão em português do Código de Redação Interinstitucional do Serviço de Publicações da União Europeia). Deve, portanto, falar-se do «resgate de Chipre», e nunca do «resgate "do" Chipre», porque na roleta em que a Europa se transformou não é preciso seguir o exemplo do Mónaco – este, sim, nome usado com artigo definido («o Mónaco»).
Sobre este assunto recomendamos a consulta das seguintes respostas: Chipre, "O" Chipre, «No/em Chipre», «em Almada», «em Corrroios».
* Sobre o uso de artigo definido com nomes geográficos, consultar as a seguintes respostas: Uso do artigo definido com o artigo Ucanha; Uso do artigo definido com Maputo; Omissão de artigo definido com Espanha, França, Itália, Inglaterra; O uso de artigo definido com Mónaco e outros nomes de países; Topónimos com e sem artigo, O artigo em topónimos estrangeiros; Sobre o género dos topónimos; A e à + topónimos; «Em África» ou «na África»?. Quarteira ou a Quarteira? Em Quarteira ou na Quarteira?
«Onde pára e para onde vai a Língua Portuguesa?» é um fórum que se realiza no dia 20 de Março, quarta-feira, pelas 18 horas, em Lisboa, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (auditório 1, piso1). Tendo por tema o Acordo Ortográfico de 1190 (AO), este encontro reúne algumas das vozes mais críticas à adoção da nova ortografia em Portugal, entre os quais a professora universitária Maria Alzira Seixo e os jornalistas Miguel Sousa Tavares e Nuno Pacheco.
Entretanto, prosseguem em Lisboa, na Assembleia da República (AR), as audições do Grupo de Trabalho para Acompanhamento da Aplicação do AO, as quais têm tido vários intervenientes, com diferentes posições sobre o assunto em discussão. Deixamos aqui e aqui as ligações para os depoimentos reunidos ao longo desta audição, que se insere na atividade da Comissão de Educação, Ciência e Cultura da AR.
Afastando-se destes temas, o consultório revisita o significado do adjetivo responsável, o feminino de capitão e o valor explicativo de porque. Lembramos que, no Facebook e por meio de uma aplicação para smartphones (apoio da Fundaçao Vodafone), também se pode aceder aos conteúdos aqui em linha.
A continuação do Ciberdúvidas e do serviço que presta, de acesso gracioso e universal, não dispensa o apoio generoso de quantos, por esse mundo fora, o consultam regularmente. É esta a razão da campanha SOS Ciberdúvidas. Todos os esclarecimentos suplementares podem ser solicitados pelo endereço apoioaociberduvidas@gmail.com.
Perante as dificuldades infelizmente causadas pela migração do Ciberdúvidas para a nova plataforma, lamentamos reconhecer que esta situação só gradualmente pode ser resolvida. Reiteramos, pois, o apelo à paciência de todos os utilizadores, agradecendo-lhes o envio de qualquer informação sobre erros detetados mediante a hiperligação disponível no fundo de cada página visionada.