A utilização do hífen nas palavras compostas justifica-se fundamentalmente por razões ortográficas para que a leitura seja feita de acordo com as regras básicas do valor dos símbolos gráficos também chamados letras.
Em função do contexto, a letra s tem mais de um valor. Em posição inicial ou depois de hífen vale [s], e entre vogais vale [z].
Deste modo, para que se tenha de manter o valor [s], é necessário usar o hífen ou dobrar esta consoante.
Como estamos perante um neologismo, não há unidade de critérios, mesmo entre as autoridades no domínio da linguística.
O professor João Malaca Casteleiro usou a forma morfo-sintaxe no seu trabalho Sintaxe Transformacional do Adjectivo – Instituto Nacional de Investigação Científica – Lisboa, 1981; em contrapartida, o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, editado pelo Círculo de Leitores, Lisboa, 2003, regista morfossintáctico e morfossintasse.
Esta segunda forma tem a vantagem de evitar o uso do hífen. Em contrapartida, o hífen tem a vantagem de realçar os dois componentes desta palavra.
Esperamos que a situação fique definida com o futuro Acordo Ortográfico.
Ovário-histerectomia
Aqui a situação é bastante diferente.
Os dicionários registam ovariotomia e histerectomia.
Se unirmos estas duas palavras, devemos manter o primeiro elemento ovário e o segundo, histerectomia porque, embora os ovários e o útero estejam próximos e ligados, são unidades bem identificadas pelos peritos.
O maior obstáculo está na eliminação do h da palavra histerectomia, que não será eliminado no próximo acordo ortográfico.
A nossa ortografia não é apenas fonética. Ela é também histórica e tradicional. A letra h não tem, neste caso, valor fonético, mas irá manter-se, de acordo com a sua ortografia histórica.
Damos exemplos de palavras que não irão perder a letra h quando aceitarmos o Acordo Ortográfico Luso-Brasileiro: anti-higiénico; círcum-hospitalar; semi-hospitalar; sub-hepático; super-homem.