DÚVIDAS

Ainda ovário-histerectomia, médico-veterinário, etc.

A propósito da palavra ovário-histerectomia precisava de ser esclarecido em alguns pontos: Porque razão o “h” de “histerectomia” não cai e escrevemos a palavra ovário-histerectomia sem hífen? Conhecem mais exemplos do mesmo tipo?

Os termos (principalmente médicos), que apenas são encontrados em dicionários brasileiros devem ser utilizados em Portugal ou deveremos adaptá-los, na medida do possível, às nossas regras? Mesmo em palavras como “otematoma”, que significa hematoma do ouvido?

Gostaria que me esclarecessem sobre a forma correcta de escrever medicina veterinária (curso superior), médico veterinário (o profissional), e médico-veterinários (assuntos, serviços). Em algum caso deveremos utilizar maiúsculas?

Ainda uma última questão: o termo “veterinário” para designar o profissional da saúde animal é correcto? Obrigado.

Resposta

Ovário-histerectomia. A palavra histerectomia está registada na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Editorial Enciclopédia, Lda., Lisboa e Rio de Janeiro. O significado apresentado é o seguinte: «Histerectomia, s.f. cir. Intervenção cirúrgica por meio da qual se pratica a ablação do útero...»

A palavra ovário-histerectomia foi formada por justaposição de ovário e histerectomia.

Não devemos usar a forma “ovarioisterectomia” porque é necessário distinguir a vogal final de ovário – da primeira vogal de histerectomia pois a leitura seria o ditongo oi formado por aquelas vogais. A leitura deve separar essas vogais que não formam ditongo. Poderemos apresentar um exemplo muito comum, pré-história, em que a vogal e não faz ditongo com a vogal i seguinte.

Além disso, a palavra ovário-histerectomia não pode ser escrita sem hífen porque a letra h só pode escrever-se antecedida de l, n, c com as quais forma os dígrafos lh, nh, ch em sílaba não inicial. Outras ocorrências só são possíveis em palavras derivadas de nomes estrangeiros.

A letra h poderá encontrar-se em posição final em interjeições (ah!, oh!, etc.) ou em nomes próprios de origem estrangeira.

Como não foi possível um acordo com o Brasil para uma ortografia comum, continuamos com algumas divergências.

Se um neologismo já está registado numa obra brasileira e está de acordo com as regras usadas em Portugal não haverá inconveniente na sua utilização; se houver divergência, deveremos respeitar as regras portuguesas e aguardar até à chegada de um novo acordo ortográfico.

Em relação ao vocábulo otematoma, julgo que não corresponde à realidade fónica em ritmo normal. Pelas razões anteriores deverá ser oto-hematoma, pronunciado com as vogais o das primeiras sílabas abertas, representação fonética: [ótόêmαtômα].

Ao utilizarmos uma denominação para uma ciência ou um curso, estamos a dar-lhe um nome próprio e, por isso, será Curso de Medicina Veterinária.
Em relação à profissão deveremos usar a minúscula quando não se trata de uma citação formal. Num endereço em que queremos realçar a profissão será:

Exmo. Sr.
Dr. José Santos
Médico Veterinário
Ou
Exmo. Sr.
(Dr) Médico Veterinário José Santos
ou
Exmo. Sr.
Doutor José Santos
Médico-Veterinário
Etc.

Conforme o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa, Ed. Verbo, Lisboa, 2001, médico-veterinário é um adjectivo e portanto será um qualificativo de assuntos, serviços, etc.

Se for a denominação de um organismo será portanto um nome próprio será Direcção Geral dos Serviços Médico-Veterinários.

As maiúsculas iniciais deverão ser usadas como nomes próprios de faculdades, escolas, hospitais e instituições públicas ou privadas.

Segundo o dicionário já referido, veterinário é uma designação abreviada de médico-veterinário. Para os outros trabalhadores amadores ou profissionais do mesmo ramo deveremos usar outras designações, algumas até com grandes tradições. 

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