Os três termos que refere foram amplamente descritos e discutidos por Saussure, por exemplo no livro publicado por dois alunos seus (Charles Bally e Albert Sechehaye), Cours de Linguistique Générale (trad. port. de José Vítor Adragão, Curso de Linguística Geral, Publicações D. Quixote) e é nele que se distinguem os três conceitos. Visto que este assunto nos poderia levar a uma longa e profunda dissertação – o que não se poderia, obviamente, fazer nestas condições –, limitar-nos-emos a dar apenas algumas noções gerais.
A linguagem é a faculdade que todo o ser humano tem para se expressar, em condições normais de sociabilização e não sofrendo de nenhuma patologia que o impeça de compreender e produzir enunciados. Saussure diz: «a linguagem serve o pensamento e só por ele existe.» (Cours, pág. 33)
Língua (“langue” '1') é, digamos, uma designação institucional, convencional e que se adquire. Graças ao mecanismo inato para a linguagem eu, por exemplo, falo a Língua Portuguesa (porque na fase de aquisição da linguagem foi ao Português que estive exposta). Assim, o conceito de «língua» é sobretudo um conceito social (era este conceito que Saussure considerava fundamental na análise linguística).
Fala (“parole” '1') é, pelo contrário, um facto pessoal, individual. É a concretização, a exteriorização, que cada um de nós faz, nas mais diversas situações, da Língua que domina. Por exemplo, não se «fala» da mesma maneira quando se fala com os amigos e quando se fala com alguém que nos constrange. Nas duas situações «falamos» a mesma Língua, mas não da mesma maneira.
'1' Estes são os termos franceses, usados por Saussure.