A expressão em apreço deve ter origem francesa, pois encontra paralelo no francês «homme de main»1, de que parece tradução literal. Com «homem de mão» refere-se um indivíduo que faz algo repreensível ou ilegal ao serviço de alguém que fica na sombra, tal como um fantoche ou uma marioneta é manipulado por um bonecreiro. É o caso do seguinte exemplo, em que se menciona um homem que atua a mando de outrem:
1) «Em El Sicario Room 164, Gianfranco Rosi filma a confissão de um homem de mão dos narcotraficantes mexicanos» (página de tradução francês-português do Proz.com).
Note-se, porém, que a expressão pode marcar no enunciado não uma acusação de crime, mas antes uma atitude de desconfiança ou suspeita em torno dos atores de uma dada situação referida em discurso. É o que acontece por exemplo no título de uma notícia do jornal português Correio da Manhã, datada de 30/11/2004):
2) «Chirac coloca homem de mão nas finanças.»
Em 2, «homem de mão» refere um político cuja conduta pode nem parecer tão repreensível assim, mas sobre o qual recai a ideia de seguir os ditames de outra pessoa.
1Trésor de la Langue Française Informatisé, s. v. homme: «Homme de main. Celui qui est au service d´autrui pour exécuter des tâches généralement répréhensibles ou illégales. Bien dirigé, il peut servir d´homme de main pour toutes les besognes (Sartre, Mains sales, 1948, 1er tabl., 3, p. 29). Tradução livre: «Aquele que está ao serviço de outrem para executar tarefas geralmente repreensíveis ou ilegais. Bem orientado, pode servir de homem de mão para todos os trabalhos.»