Os nomes destes escultores grafam-se Δίποινος e Σκύλλις em grego. A estes antropónimos helénicos correspondem Dipœnus (ou Dipoenus) e Scyllis em latim, respetivamente, formas usadas por Plínio e encontradiças nos melhores dicionários.
A grande questão é saber como aportuguesar estes nomes. Habitualmente, com ou sem razão, os nomes gregos chegam-nos por via do latim, e a sua transformação obedece a certas regras. De acordo com essas regras, Dipœnus habitualmente daria “Dipeno” em português, e Scyllis daria “Escílis” (caso a adaptação se fizesse por via do caso nominativo) ou “Escile” (caso a assimilação se baseasse no acusativo). Das duas formas possíveis deste segundo antropónimo (“Escílis” ou “Escile”), ambas defensáveis, creio que a primeira (“Escílis”) é preferível, por analogia com outros antropónimos do género (por exemplo, “Amarílis”) e até porque, convenhamos, tem um ar mais aristocrático...
As formas “Dípinos” e “Dipoeno”, citadas pelo consulente, não têm razão de ser, salvo melhor juízo. A primeira (“Dípinos”) pretende ser uma transliteração direta do nome grego, sem passar pelo crivo latino, mas a transliteração correta seria “Dípoinos”. É verdade que o ditongo οι se pronuncia [i] em grego moderno, mas essa evolução fonética normalmente não influencia a transliteração de nomes helénicos. A segunda (“Dipoeno”) é uma transliteração despropositada da forma latina, pois o ditongo œ (amiúde grafado oe) dá invariavelmente e em português (por exemplo, pœna- > pena).