A magistrada Joana Marques Vidal foi empossada como procuradora-geral da República. Este termo tem masculino e feminino, tal como a palavra principal que o compõe: procurador–procuradora. Assim, está correta a expressão: «Joana Marques Vidal, a nova procuradora-geral da República».
No entanto, se nos quisermos referir ao cargo, a designação de um cargo tem, na língua portuguesa, o género masculino, visto o masculino ser o género de referência na gramática portuguesa. Assim, está correta a construção «Joana Marques Vidal é a primeira mulher a ocupar o lugar de procurador-geral da República em Portugal».
Mas esse cargo só tem designação masculina se não estiver diretamente ligado à sua titular, pelo que será de evitar a frase «A procuradora-geral adjunta Joana Marques Vidal tomou posse como procurador-geral da República». Efetivamente, se a referência à titular preceder a designação, se já se souber quem é, na realidade, a titular do cargo, e se é a pessoa que está a ser caracterizada (e não o cargo), o termo deverá ir para o feminino, perdendo a neutralidade. Exemplos: «A procuradora-geral adjunta Joana Marques Vidal tomou posse como procuradora-geral da República.» «A magistrada Joana Marques Vidal desempenha as funções de procuradora-geral da República.»
Em suma, se a titular do cargo for uma mulher, a designação do mesmo só fica no masculino nos casos mais raros em que se está a falar do cargo, da ocupação de um cargo ou de um lugar, e não especificamente da mulher em causa. Exemplos: «O cargo de procurador-geral da República é agora desempenhado pela magistrada Joana Marques Vidal»; «As funções de procurador-geral da República são agora desempenhadas por uma mulher»; «Joana Marques Vidal é a primeira mulher a ocupar o lugar de procurador-geral da República em Portugal». O cargo (ou o lugar) não é o de «procuradora», mas, sim, o de «procurador».
N. E. – Nesta resposta, seguimos a regra adotada no Ciberdúvidas no uso da maiúscula inicial para os cargos e da minúscula para os respetivos titulares.