A referência a uma batalha ou a uma guerra implica que se identifique com o respetivo nome cada uma das realidades históricas que se queira designar. Ora, como se trata de realidades que, «relativamente a um dado universo de referência, designam rigidamente um único referente pertencente à memória histórico-cultural coletiva» (Mira Mateus et al., Gramática da Língua Portuguesa, Lisboa, Caminho, 2003, p. 213), não há dúvida de que são nomes próprios1.
Portanto, como qualquer nome próprio, devem escrever-se com maiúscula inicial, o que já era previsto no Tratado de Ortografia (Coimbra, Atlântida, 1947, p. 335), de Rebelo Gonçalves, que indica o uso da maiúscula inicial «nas designações de factos históricos ou acontecimentos importantes e de atos ou empreendimentos públicos, de que são exemplo: Guerra Peninsular, Abrilada, Vila-Francada, Retirada dos Dez Mil, Revolução Francesa.
Nota: O Acordo Ortográfico mantém a regra do uso inicial da maiúscula nos nomes próprios, o que se pode depreender pelos artigos a) e b) do ponto 2 da Base XIX do (das maiúsculas e minúsculas) do AO e, também, pela seguinte observação: «As disposições sobre os usos das minúsculas e maiúsculas não obstam a que obras especializadas observem regras próprias, provindas de códigos ou normalizações específicas (terminologias antropológica, geológica, bibliológica, botânica, zoológica, etc.), promanadas de entidades científicas ou normalizadoras, reconhecidas internacionalmente.»
1 Segundo o Dicionário Terminológico, é classificado como nome próprio todo o «nome que designa um referente fixo e único num dado contexto discursivo, pelo que é completamente determinado».