O autismo (do gr[ego] autós «em si próprio» + -ismo) é «atitude psicopatológica caracterizada pela tendência a desinteressar-se do mundo exterior e ter, apenas, uma intensa interiorização». Trata-se, portanto, de uma doença da área da psiquiatria. O autista [substantivo (nome)] é «pessoa que manifesta autismo» ou (adjectivo) «diz-se do conceito que certas pessoas têm de si próprias e que as afasta da realidade»; assim, como nome, o autista é aquele que sofre de uma doença: o autismo; mas, como adjectivo (por exemplo, «com aquele discurso, o homem é autista»), trata-se de uma pessoa cujo conceito de si própria a afasta da realidade. [Fonte: Dicionário de Termos Médicos, de Manuel Freitas e Costa, edição da Porto Editora]
A Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, da Editorial Verbo, diz que autismo é «Termo criado por E. Bleuler para designar a evasão da realidade, acompanhada de um predomínio relativo ou absoluto da vida interior. Trata-se de uma perspectiva mais estrutural do que descritiva, que, aplicada à esquizofrenia, alterou a sua compreensão, dados evolutivos e tratamento. O grau de autismo depende da gravidade da esquizofrenia e enquanto nos casos leves a perda do contacto vital com a realidade se refere somente às facetas afectiva e lógica, nos casos avançados não há relação alguma com o meio ambiente, vivendo o indivíduo no mundo que criou exclusivamente para ele. Há duas formas de autismo, rico e pobre. O primeiro tem como protótipo o sonho e é caracterizado pela constituição de um mundo imaginário; no segundo, o impulso pessoal detém-se e quebra-se completamente, quase não existindo esse mundo.»
Sobre o autista, a enciclopédia diz que «De acordo com os pontos de vista da estratificação, Kahn construiu o seu sistema de personalidades psicopáticas. Considera a personalidade segundo a vida impulsiva, o temperamento e o carácter, o que na sua tipologia dá os psicopatas dos impulsos, do temperamento (distímicos) e do carácter (distónicos). Este último grupo divide-se ainda nos sobrevalorizados do eu, infravalorizados do eu e ambitendentes. Nos primeiros encontramos o autista activo, em que o eu está sobrevalorizado, tendo o indivíduo sensação do alto valor ou originalidade da sua personalidade, pelo que deprecia o meio ambiente e contra o qual vive em hostilidade por poderio aparente (fanfarrão). Aos segundos pertence o autista passivo, caracterizado por infravalorização do eu e, porque considera inimigo e perigoso o mundo exterior, são, por regra, asténicas e passivas as suas relações com o meio ambiente (misantropo, misógino).»