Não se faz adaptações de autores brasileiros só por causa da sua sintaxe ou semântica, mas também por causa da ortografia.
Aliás, muitos dos arranjos sintácticos brasileiros não violentam em nada a índole da língua. Por exemplo, embora estejamos habituados às regras da próclise e da ênclise do português europeu, não é por essas regras aparecerem trocadas no brasileiro que deixamos de entender perfeitamente a literatura brasileira. Quanto à semântica, não temos no nosso país diferenças sensíveis e inúmeros regionalismos? Por exemplo, é sempre fácil ler Aquilino Ribeiro?
O grande problema tem sido a ortografia, pois não é aceitável que textos brasileiros sejam indiscriminadamente apresentados em Portugal, dado que a norma ortográfica por que se regem apresenta algumas diferenças, sobretudo nas nossas consoantes não articuladas, que eles já suprimiram. O mesmo se passa no Brasil com textos de autores portugueses, também nas mesmas consoantes ou em muitos acentos que, por nossa vez, já suprimimos. Compreende-se que oficialmente, nas escolas ou na comunicação social, cada um dos países não deva ter textos com erros ortográficos à luz da sua norma oficial.
O novo acordo pretende resolver este problema, legalizando todas as variantes no universo da língua, uniformizando a grafia quanto possível e aceitando as variantes quando mais de uma forma gráfica for indispensável para a mesma palavra.
Já hoje se lêem os originais dos autores do outro país, quer cá quer lá, sem quaisquer problemas, porque as diferenças não constituem obstáculo ao perfeito entendimento na escrita (o mesmo não se passa sempre na oralidade…). Depois ler-se-ão na mesma e, além disso, terão sempre uma ortografia legal.
Termos do novo acordo para Portugal: sintáticos, leem.