Alina Villalva, no capítulo 24 – Formação de palavras: composição da Gramática da Língua Portuguesa de Mira Mateus et alli (6.ª ed., Lisboa, Caminho, 2003, págs. 971-983), explica-nos que, no processo de formação de palavras, a composição morfológica – que é o caso de luso-brasileiro – caracteriza-se:
a) por «concatena[r] radicais segundo os princípios da formação de palavras» (p. 971), ou seja, por associar radicais e não palavras propriamente ditas, quer a sua estrutura morfológica seja simples ou complexa, como é a situação de luso-brasileiro, em que o segundo radical é um radical derivado (luso-[[brasil]eir]o);
b) pela sua estrutura a nível de género e de flexão em número, pois só o segundo radical é que altera em género e número (a exposição luso-brasileira; os encontros luso-brasileiros).
Já no que se refere à composição morfossintáctica – em que se insere surdo-mudo –, esta destaca-se como:
c) «um processo híbrido, no qual se conjugam propriedades das estruturas sintácticas e propriedades das estruturas morfológicas» (pág. 971);
d) uma estrutura cujos elementos variam de género e de flexão em número, como se pode verificar em surdo-mudo («Aquela surda-muda»; «os rapazes surdos-mudos»).
Em conclusão, a palavra luso-brasileiro insere-se nos compostos morfológicos com estrutura de coordenação por se tratar de uma forma adjectival em que a relação entre os termos coordenados é uma relação equivalente. Por sua vez, surdo-mudo é um composto morfossintáctico por conjunção, que tanto pode ser um nome como ou um adjectivo.