Em Portugal, ainda não existem orientações generalizadas sobre a aceitação da variedade brasileira em trabalhos de candidatos a graus de mestrado e doutoramento nas universidades portuguesas1.
No entanto, importa distinguir duas situações:
– A correção do que o estudante escreve: apesar de, em Portugal, a opinião pública reconhecer a necessidade de aceitar a variedade escrita brasileira nas universidades, parece haver departamentos e docentes que manifestam certa relutância. É uma área melindrosa, onde podem surgir mal-entendidos e conflitos (talvez menos ou muito menos em cursos de línguas, de linguística e outros, de ciências humanas).
– Outra coisa é a correção de citações de texto na variedade culta do Brasil, caso em que nada justifica a correção. Trata-se de textos publicados, que devem ser citados conforme o original. Convém também observar que o Brasil tem uma variedade bastante bem codificada, apoiada em extensíssima bibliografia tanto de caráter gramatical como de natureza dicionarística. Um candidato a um grau académico em Portugal tem com certeza vantagem em ser capaz de justificar certas opções gramaticais com a consulta e o auxílio deste material bibliográfico.
1 Em relação aos exames finais do ensino secundário de Portugal, sabe-se que em outubro de 2022 a Associação de Professores de Português (APP) propôs ao Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) a constituição de um grupo de trabalho com vista à aceitação das variedades codificadas nos exames nacionais – ler "Professores querem grupo para discutir aceitação de variedades de português em exames", Público, 14/10/2022. Em maio de 2023 ainda se aguarda um decisão oficial sobre esta matéria.