Com saudação amiga, segue resposta ao consulente brasileiro.
Na definição do Dicionário das Ciências da Linguagem (Lisboa, 2.ª ed., 1974, p. 229), «Entende-se por versificação o conjunto dos fenómenos que definem a especificidade do verso». Há um outro sentido, que é «o conjunto das regras que ensinam como escrever versos». Ainda se dá prosódia como sinónimo de versificação. Metro, rima e formas fixas (fala-se destas quando há combinações estróficas codificadas, como no caso do soneto) são os factos versificatórios mais comuns.
Ritmo é a realização linguística do metro, ou seja, a concatenação de uma regularidade de sílabas acentuadas e não-acentuadas, longas e breves. No seu Tratado de Versificação Portuguesa (Lisboa, 4ª ed., 1981, p. 51), Amorim de Carvalho distingue, sem grande utilidade, entre ritmo lírico e ritmo recitativo: aquele exerce-se em versos de número ímpar de sílabas; este, em verso de número par de sílabas. Interessa que, mais do que a descrição métrica, há uma rítmica fundamental aos géneros literários, e não só à lírica, que continua a suscitar debates. Seria preferível aceitar ritmos de intensidade, de timbre e aritméticos (pelo número de sílabas).Os poetas sentem bem essas diferenças.
O som participa dos dois primeiros, mas também dos jogos da rima, denunciando, assim, o significante. Costumamos, por isso, distinguir entre som e sentido, quantas vezes juntos, também para marcar algo que deve ser indissociável. Enquanto componente rítmica, o som é elemento da melodia. No quadro da linguística, há outras acepções.
Sobre «estado do poema» pouco temos a dizer, fora de contexto. Será de referir. p. ex., a perspectiva filológica (como a edição do texto-poema se apresenta, etc.)? Ou, na linha das preocupações anteriores, mostrar como o poema se organiza prosodicamente, ou seja, segundo algumas constantes, e quais?