Permita-me que a saúde, prezada consulente!O conjuntivo – é este o termo mais usual em português europeu – é, por definição, o modo da incerteza, da possibilidade, da eventualidade ou mesmo do irreal. Tendo este aspecto em conta, vejamos que ideia veiculam as expressões em apreço: É certo, é verdade e é evidente, usadas na forma afirmativa, transmitem uma ideia de certeza, pelo que não comportam o uso do conjuntivo/subjuntivo. Reparemos nas frases em que entram: (1) «É certo que o João vem hoje.» (2) «É verdade que o João vem hoje.» (3) «É evidente que o João vem hoje.» Se, porém, as colocarmos na negativa, a ideia de certeza desaparece e, então, utilizamos o conjuntivo/subjuntivo: (1.1) «Não é certo que o João venha hoje.» (2.1) «Não é verdade que o João venha hoje.» (3.1) «Não é evidente que o João venha hoje.» As três expressões já analisadas diferem de é lógico, pois a conclusão a que esta última nos pode conduzir não é única. Isto é, quando proferimos a expressão é lógico, toda a gente fica a saber que vamos tirar uma conclusão a partir de determinados elementos contextuais. Mas não é claro que orientação vamos dar ao nosso discurso. Exemplifiquemos com duas frases:(4) «É lógico que o João vem hoje. Ele nunca faltaria aos anos da irmã.» (5) «É lógico que o João venha hoje. São os anos da irmã.» Ambas as frases poderiam ser proferidas durante uma conversa em que se colocasse a hipótese de o João vir ou não. Em (4) veicula-se a certeza de que ele virá. Em (5) explica-se porque se pensa que ele vem. Uma vez mais, se colocarmos a expressão na negativa, só se poderá utilizar o conjuntivo/subjuntivo: (6) «Não é lógico que o João venha hoje. Ele tem um exame para fazer antes de vir.» A expressão «ser lógico» tem um comportamento semelhante ao dos verbos acreditar, julgar e pensar. Como, ao mesmo tempo, subentende uma dedução a partir de dados contextuais necessários para a sua compreensão, torna-se difícil descodificar a diferença de sentidos na frase que apresenta «É lógico que ele vem/venha hoje». Para se tornar clara essa diferença, é preciso explicitar o contexto que permite extrair as diferentes conclusões, um pouco como exemplifiquei em (4) e (5).Um bom trabalho!