Quando nos apercebemos de situações em que predomine (e se destaque) a repetição de sons (tanto em em textos literários como em discursos/textos não literários), entramos no domínio do trocadilho, da aliteração, da eufonia, da cacofonia, do cacófato, do eco, da colisão e do hiato, uma série de recursos expressivos que investem no valor sugestivo produzido por essa repetição.
Poderemos dizer que se trata de um caso particular de cacofonia, uma vez que há a repetição de sons desagradáveis numa determinada sequência (embora não estejamos perante uma sequência frásica) – mais precisamente o de cacófato, que se verifica quando nos encontramos perante «a ocorrência de sons iguais no final de uma palavra e no começo na seguinte» (E-Dicionário de Termos Literários, de Carlos Ceia).
É certo que o exemplo apresentado pela consulente não diz respeito a um texto escrito, mas, sim, a um discurso oral, enquadrando-se no campo da linguagem falada, área privilegiada do cacófato, pois joga com os sentidos gerados da articulação das sílabas, produtora de outras palavras.