O Grande Dicionário da Língua Portuguesa (2010), da Porto Editora (com a aplicação do Acordo Ortográfico) regista unicamente a forma trinta e um sem hífen — indicando que é distinta da da «grafia anterior: trinta-e-um».
Assim, segundo esta fonte, trinta e um é a forma gráfica para designar os vários sentidos da palavra e as diferentes classes de palavras (nome masculino e numeral): «1. (n. m.) jogo cuja finalidade é perfazer trinta e um pontos ou aproximar-se de trinta e um pontos por defeito e nunca por excesso; 2. (n. m.) tumulto; revolta; 3. (n. m.) grande problema; complicação. 4. (num.) vinte mais onze; o número 31 e a quantidade representada por esse número; o que numa série ocupa o trigésimo primeiro lugar.»
No entanto, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (2009) e a Infopédia – Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Porto Editora, registam duas formas distintas:
— o nome masculino de 2 números trinta-e-um (hifenizado), para designar o jogo de cartas;
— o numeral trinta e um (sem hífen).
Por sua vez, o Portal da Língua Portuguesa, da responsabilidade do ILTEC, contempla, também, a forma hifenizada do nome masculino trinta-e-um (invariável).
Perante estes registos, verificamos que há uma certa unanimidade da manutenção do hífen no nome/substantivo trinta-e-um1 (jogo de cartas), não havendo nenhum sinal de dúvida na grafia sem hífen do numeral cardinal trinta e um (tal como já o era na grafia anterior).
Nota: É de referir que o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras, também regista as duas formas: trinta e um (o numeral e o substantivo que designa «jogo do baralho») e trinta-e-um (espécie de ave). Portanto, só o nome de uma espécie zoológica é que é hifenizado, forma esta que respeita o ponto 3 da Base XV do AO: «Emprega-se o hífen nas palavras compostas que designam espécies botânicas e zoológicas, estejam ou não ligadas por preposição ou qualquer outro elemento: abóbora-menina, couve-flor, erva-doce, feijão-verde; bênção-de-deus, erva-do-chá, ervilha-de-cheiro, fava-de-santo-inácio, bem-me-quer (nome de planta que também se dá à margarida e ao malmequer); andorinha-grande, cobra-capelo, formiga-branca; andorinha-do-mar, lesma-de-conchinha; bem-te-vi (nome de um pássaro).»
1 A manutenção do hífen no nome masculino trinta-e-um deve-se, decerto, ao facto de se tratar de uma locução cuja grafia hifenizada se encontra já consagrada pelo uso (figurando entre as exceções), o que é previsto no ponto 6 da Base XV (do hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares) do Acordo Ortográfico que estipula o seguinte: «Nas locuções de qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais, não se emprega em geral o hífen, salvo algumas exceções já consagradas pelo uso (como é o caso de água-de-colónia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa). Tal como já acontecia, a hifenização desta locução é a forma gráfica de se estabelecer a distinção deste nome do do numeral trinta e um (não hifenizado). Assim, consoante o seu valor/sentido e a classe de palavras a que pertence, assim a grafia é diferente. Exemplos: