DÚVIDAS

Tradução de nomes estrangeiros

Numa resposta anterior sobre este tema (Bagdade) transcreve-se o seguinte: «(...) Recomenda-se que os topónimos/topônimos de línguas estrangeiras se substituam, tanto quanto possível, por formas vernáculas, quando estas sejam antigas e ainda vivas em português ou quando entrem, ou possam entrar, no uso corrente. Exemplo: Anvers, substituído por Antuérpia; Cherbourg, por Cherburgo; Garonne, por Garona; Genève por Genebra; Jutland por Jutlândia; Milano por Milão.»
Conheço e aplico a regra, mas a minha dúvida é exactamente esta: como saber se determinada forma portuguesa está "viva"? No caso concreto, o nome que me suscita a pergunta é Brisgóvia (em alemão, Breisgau). Será que esta forma ainda se utiliza? Como posso ter a certeza, evitando assim escrever palavras "antiquadas"?
Desde já muito obrigada pelo vosso esclarecimento.

Resposta

A sua questão levanta alguns problemas.
No caso que apresenta, Rebelo Gonçalves, no seu respeitado «Vocabulário», recomenda Brisgóia e não Brisgóvia como escreveu.
É facto que as normas em vigor (portuguesa e brasileira) recomendam o uso de formas vernáculas, e há efectivamente muitos desses nomes ainda em uso (ex.: Londres, Milão, etc.). Encontram-se tais topónimos, ditos vernáculos, em diversas obras.
O problema, como muito bem salienta, é saber se uma dada dessas formas não se terá já na realidade tornado anacrónica. Por exemplo, a forma vernácula de `Oxford´, segundo José Pedro Machado e segundo Rebelo Gonçalves, é `Oxónia´, designação que já só os saudosistas usam...
Os dicionários idóneos indicam o topónimo actualizado no verbete da entrada sobre o etnónimo (ex.: Madrileno: de Madrid [bras.: de Madri]). No «Prontuário» da Texto os topónimos estão inseridos no `Vocabulário de Dificuldades´.
Quando não se encontra o topónimo actualizado e continua a haver dúvidas, há sempre a solução de escrever o termo na grafia de origem entre plicas (ex.: `Oxford´). Reconheço, contudo, que está a difundir-se o hábito de nos nomes próprios estrangeiros não fazer mesmo nenhuma reserva.
NOTA: Para mim, as comas simples significam, neste caso, um mero sublinhado de que não se trata de um nome da nossa língua (sublinhado mais ligeiro do que as comas duplas, aspas ou itálico).

Ao seu dispor,

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