O provérbio é o seguinte: «Todo o burro come palha, a questão é saber dar-lha.»
Este provérbio significa que «é sempre possível convencer alguém de que uma determinada ideia ou posição é boa: a arte está nos argumentos utilizados»; «podemos sempre levar os outros a concordar connosco, desde que saibamos defender bem as nossas ideias»; «é sempre possível levar alguém a fazer o que nós queremos, desde que tenhamos a arte de o convencer»; «mesmo que uma pessoa não queira algo, é sempre possível levá-la a aceitar ou a querer isso, desde que saibamos apresentar a situação de uma forma convincente».
O provérbio pode mesmo significar, literalmente, que toda a gente é capaz de comer algo de que, em princípio, não gosta, se for apresentado ou preparado de uma forma que lhe agrade. Por exemplo, há quem não aprecie bacalhau cozido, mas goste de bolinhos de bacalhau ou bacalhau com natas. O bacalhau (a essência do prato) pode não ser muito apreciado por alguém, mas, habilmente preparado com outros ingredientes, é muito bem aceite.
Se analisarmos o provérbio, vemos que ele tem como referentes o burro e a palha. A palha é um alimento seco utilizado na alimentação dos animais herbívoros, nas regiões pobres de pastos, em que o feno escasseia, ou no Inverno. As palhas são forragens formadas pela parte aérea de diversas plantas, particularmente gramíneas e leguminosas, cultivadas para lhes obter o fruto: há palhas de trigo, de aveia, de centeio, de cevada, etc. O valor nutritivo das palhas é, pois, baixo, dado o grão lhes ter sido retirado e o alimento já estar seco. O burro é um animal herbívoro, que come erva fresca e grãos, mas, quando estes alimentos escasseiam, aceita comer a palha misturada com grãos ou mesmo a palha sozinha, apesar do seu menor valor alimentar.