1. O verbo não deve estar no plural, mas, sim, no singular. Na oração causal, o sujeito «grande parte» admite singular ou plural. Porém, uma vez que o sujeito está posposto ao verbo, este deve ir para o singular. Assim, a frase deverá ficar:«não se fazem queimadas no verão porque é a partir daqui que surge grande parte dos incêndios»; no entanto, caso o sujeito estivesse na posição canónica, eram possíveis quer o singular quer o plural.
2. Depende do caso. Se se desejar indeterminar o sujeito, dir-se-á: «quando se faz fogueiras...», pretendendo-se transmitir, «quando alguém faz fogueiras...». Mas se se tem o intuito de expressar: «quando são feitas fogueiras...», deve optar-se pela segunda frase, predominando a voz passiva sintética, acompanhada do pronome -se.
N. E. –(12/09/2016) Agradecemos ao consulente João de Brito uma observação enviada em 9/09/2016, segundo a qual, na chamada construção passiva sintética («quando se fazem fogueiras»), a forma se não tem estatuto pronominal e, portanto, deve ser classificada como partícula apassivante, de acordo a terminologia gramatical mais antiga. Gostaríamos de de precisar que, em Portugal, antes de vigorar o Dicionário Terminológico (DT) no estudo da gramática nos ensinos básico e secundário, a Nomenclatura Gramatical Portuguesa de 1966 fixava o termo «palavra apassivante», que se incluía no termo mais extenso «voz passiva com palavra apassivante» e se aplicava à designação da partícula em causa. Contudo, no Brasil, a Nomenclatura Gramatical Brasileira de 1959 atribui a se a categoria pronominal quando estabelece o termo «pronome apassivador». No DT, o se que ocorre na construção passiva tem também o estatuto de pronome: «[Os pronomes pessoais] Podem ainda ocorrer como marcadores [...] de uma estratégia de passivização (valor passivo – ocorrendo exclusivamente na terceira pessoa) [...]. Exemplos: Dizem-se coisas estranhas neste país» (DT, B.3.2. Classe de palavras fechada/Pronome/Pronome Pessoal).