Uma das coisas que me parece importante fazer, e que, pela sua descrição, prezada consulente, presumo que já fez, é classificar os tipos de erro. Trata-se de confusão entre diversas grafias de um mesmo som? É uma escrita “oralizante”? Regista-se confusão entre determinadas consoantes (por exemplo, entre f e v ou entre p e b, etc.)? No caso de haver erros sistemáticos com uma característica específica, pode ser importante solicitar o apoio de um profissional de outra área, por exemplo, de um psicólogo.
Genericamente, e relativamente à aula de Português, algumas actividades que costumam resultar prendem-se com o manuseio da palavra, quer escrevendo, quer sublinhando, num qualquer texto, determinadas palavras, ou mesmo sílabas. Por exemplo, sílabas iniciadas por s, com som /z/, etc. Exercícios em que os alunos sejam convidados a completar palavras às quais faltem apenas algumas letras também são interessantes. Neste caso, pode indicar-se o número de letras em falta (atribuindo a cada letra um traço, ou não – ex. ca_ _orro, ou ca__orro).
As dificuldades relativas à ortografia nem sempre são facilmente ultrapassadas e, sobretudo, quando se verificam, têm uma evolução muito lenta e precisam de um apoio e de um trabalho sistemáticos. As actividades promovidas em aula devem ser completadas com outras que o aluno desenvolva em casa, como sublinhar sílabas nas páginas de um jornal, etc. Ter este facto em conta é muito importante para que aluno e professor não desesperem, nem desistam! Um auxiliar muito precioso é o computador. A consulente poderá recorrer aos materiais que a Porto Editora disponibiliza na página destinada aos professores, Netprof, ou aos exercícios propostos em algumas páginas juvenis como, por ex., www.junior.TE.pt.
O Manual Prático de Ortografia de José M. de Castro Pinto, Editora Plátano, é um excelente guia, pois integra uma boa sistematização dos problemas ortográficos e apresenta propostas de actividades que podem servir de sugestão para recriar outras. Um material a que recorro muitas vezes são os livros de português para estrangeiros, como, por exemplo, Vamos lá começar, de Leonel Melo Rosa, Lidel, Português sem Fronteiras, de Isabel Coimbra Leite e Olga Mata Coimbra, Lidel, Gramática Activa, das mesmas autoras e da mesma editora. O manual Português Prático, de Willy Paulik, editora alemã Hueber, tem igualmente exercícios interessantes. Há, todavia, que ter em conta que o livro segue a variante português do Brasil, pelo que pode ser utilizado como inspiração, mas é preciso ter muito cuidado com as actividades que aí se propõem para não confundir os alunos. Os livros de Mendes Silva, Português Língua Viva, editora Teorema, e Português Contemporâneo: antologia e compêndio didáctico, editora D. Quixote, apresentam também muitos exercícios que podem ser úteis, ainda que, por vezes, com um grau de dificuldade elevado.
Desejo-lhe o maior sucesso! Bom trabalho!