Tem toda a razão nas observações que faz. Agradeço-lhe a leitura atenta da resposta que dei e também a possibilidade de explicitar de forma mais clara alguns aspectos focados de forma incompleta. Procurarei responder a cada um dos três aspectos que foca: 1 – as subordinadas substantivas; 2 – a obra Saber Português hoje: Gramática Pedagógica da Língua Portuguesa e os complementos circunstanciais; 3 – aposto e atributo.
1 – As subordinadas substantivas
Relativamente ao facto de as frases subordinadas substantivas poderem desempenhar outras funções para além da de complemento directo, tenho vindo, precisamente, a alertar nesse sentido em outras respostas sobre a terminologia. Efectivamente, para além da situação mais canónica, que é aquela em que se integra na frase matriz como complemento directo, a subordinada substantiva pode ser, pelo menos:
Complemento indirecto: «Dei o prémio a quem o mereceu.»
Complemento agente da passiva: «As ordens são dadas por quem pode.»
Sujeito: «É provável que o João chegue amanhã.»
Predicativo do sujeito: «A verdade é que não quero continuar.»
Predicativo do complemento directo: «O chefe escolheu o João para o substituir.»
Complemento do nome, ou completiva nominal: ««Essa mania de dormires pouco ainda te vai prejudicar.»
Complemento de um adjectivo, ou completiva adjectival: «Este livro é difícil de encontrar.»
2 – A obra Saber Português hoje: Gramática Pedagógica da Língua Portuguesa e os complementos circunstanciais
Em respostas mais recentes que elaborei sobre a TLEBS, poderá verificar que deixei de referir a obra em causa, precisamente pelos aspectos que foca. Talvez devesse ter feito mais do que simplesmente omitir. Agradeço-lhe a oportunidade de explicitar a minha opção. Não é, efectivamente, uma obra que nos ajude nos aspectos mais cruciais, como, por exemplo, na distinção entre complemento e modificador. Se eu tivesse recorrido a ela mais cedo, teria verificado isso atempadamente. Do meu erro peço desculpa ao consulente e a todos os leitores do Ciberdúvidas.
3 – Aposto e atributo
Do ponto de vista da gramática tradicional, e de uma forma muito simplista, o adjectivo funciona como atributo ou como predicativo. O aposto, composto – entre outros – por um nome ou uma expressão nominal, habitualmente entre vírgulas, acrescenta informação sobre outro nome.
A interpretação que a TLEBS propõe é distinta. Considera haver modificadores do nome que podem ser restritivos, se atribuem uma característica específica que isola o conjunto referido pelo nome: «Os alunos atentos compreenderam a aula» (os desatentos, não), ou apositivos se complementam a informação e a não restringem: «Os alunos, atentos, compreenderam a lição» (todos compreenderam, por estarem atentos).
Os modificadores do nome podem ser adjectivos, ou grupos adjectivais, grupos preposicionais, grupos nominais ou frases.