Tudo depende do contexto em que a palavra se insere.
A palavra emissor – «do latim emissōre-, “o que envia, o que lança”» (Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado) – pode ser um nome/substantivo ou um adjetivo, e é usada como termo específico de vários domínios: economia, telecomunicações, linguística, eletricidade e eletrónica:
a) enquanto adjetivo, significando «que lança de si ou irradia; que emite» (Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa, 2001), pode ser flexionada nos dois géneros – emissor/emissora – concordando com o nome a que se refere. Ocorre com frequência na área: da economia, para designar «banco ou estabelecimento de crédito que emite moeda em papel ou fiduciária» (Grande Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora, 2010); das telecomunicações – «que põe em circulação; que emite ondas hertzianas» (idem). Exemplos: «banco emissor»; «antena emissora»; «posto emissor»; «estação emissora».
b) Enquanto nome/substantivo da terminologia linguística1, assim como da eletricidade e da eletrónica2, é masculino: o emissor. Exemplos: «o emissor e o recetor»; «emissores de televisão»; «emissor radiotelegráfico».
c) No entanto, é nome/substantivo feminino – a emissora –, quando designa «posto que emite ondas hertzianas para telecomunicações; estação/empresa que produz e transmite programas radiofónicos ou televisivos». Exemplo: «Nos últimos anos assistimos à criação de muitas emissoras de rádio e de televisão.»
Passa-se praticamente o mesmo com a palavra recetor.
Como adjetivo, flexiona-se de acordo com o nome que classifica. Exemplos: «A civilização transmissora e recetora»; «aparelho recetor»; «célula recetora».
Enquanto nome/substantivo, é, maioritariamente, masculino (no âmbito das telecomunicações, da neurologia e da linguística3). Exemplos. «Recetor telegráfico»; «recetor de televisão»; «Para compreender a mensagem, o recetor precisa de conhecer o código utilizado pelo emissor.»
No entanto, existe, também, a forma feminina – recetora:
– para designar «pessoa que aceita, recebe o que lhe é destinado»;
– para se referir a «pessoa que esconde, guarda ou compra objetos furtados por outrem, tendo conhecimento desse facto». Exemplo: «Ela foi a recetora daquele material roubado.»
Tendo em conta o que foi dito, e uma vez que na frase que nos apresenta a palavra em causa é usada no domínio dos conceitos linguísticos, a forma é masculina: «Anne Frank é o emissor, e a sua amiga é o recetor.»
1 Segundo o Dicionário Terminológico (DT), emissor «designa a pessoa que, num determinado contexto espácio-temporal, realiza intencionalmente um ato de comunicação verbal e produz o enunciado, o discurso e o texto, orais ou escritos, daí resultantes. O emissor, para além da sua competência linguística, possui um determinado conhecimento do mundo, crenças, convicções e posições sociais e ideológicas que marcam a sua atividade discursiva sob o ponto de vista pragmático.»
2 Para designar o «conjunto de dispositivos capazes de transmitir mensagens, sons e/ou imagens» (idem).
3 Conforme o DT, recetor designa a «pessoa que recebe e interpreta um discurso ou um texto. Pode ser uma pessoa real, como um interlocutor, um ouvinte e um leitor empírico e concreto; pode ser um ente fictício, como o leitor textual e como o narratário num romance; pode ser um destinatário direto ou indireto; pode estar presente, ou não, na situação comunicativa concreta; pode ser individual ou coletivo (o auditório de uma conferência, o conjunto de ouvintes de um texto da literatura oral, etc.)».