Como suporte estrutural para a análise da questão em apreço, parece-me importante começar por referir que, no exemplo apresentado, verificamos a existência de um sujeito composto («sauna, hidromassagem e banhos turcos»), que surge colocado em posição pós-verbal (neste caso, depois do verbo existir).
Se adoptarmos uma postura estritamente normativa sobre este caso de concordância, há que dizer o seguinte: mesmo no contexto em análise, o verbo existir deverá ser conjugado no plural, pois «no português (...) o verbo concorda com o sujeito em pessoa e número», Gramática da Língua Portuguesa, Mateus et alii, p.157).
No entanto, na Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, aquando da análise de casos particulares de concordância verbal com sujeitos compostos pós-verbais, é referido que «(...) o verbo que tem mais de um sujeito pode concordar com o sujeito mais próximo (...): Que te seja mais propício o astro e a flor» (p. 505).
Seguindo esta mesma linha de raciocínio, Madalena Colaço, no artigo «Concordância parcial em estruturas coordenadas em português europeu» (Actas do XIV Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística, 1998, pp. 349-367), sugere que, «quando o sujeito ocorre em posição pós-verbal — ordem V-S —, (...) o verbo tanto pode partilhar marcas morfológicas de concordância com todo o constituinte coordenado como pode estar em concordância apenas com um dos sujeitos que se lhe seguem». Exemplos:
(Quem telefonou esta tarde?)
a. «Telefonaram o Pedro, a Maria, o João, o José e a Ana»;
b. «Telefonou o Pedro, a Maria, o João, o José e a Ana.»
Ainda no mesmo artigo, a autora dá conta do seguinte esclarecimento: «Note-se, no entanto, que nos casos em que a concordância é parcial [isto é, apenas com um dos sujeitos que se seguem ao verbo], (...) ela apenas pode desencadear-se entre o verbo e o primeiro sujeito (nunca entre o verbo e o segundo — ou outro — sujeito).
Ora, na segunda frase sugerida pela consulente, o verbo existir estabelece justamente concordância com o sujeito que lhe está mais próximo (o primeiro sujeito), neste caso, com o nome singular sauna.
Por outro lado, e continuando a recorrer às páginas da Nova Gramática do Português Contemporâneo, verificamos, a propósito do emprego da vírgula: «(...) Emprega-se ainda a vírgula no interior da oração: (...) para indicar a supressão de uma palavra (geralmente o verbo) (...)» (p. 642).
Esta observação parece-me igualmente aplicável ao caso concreto da segunda opção que a consulente nos apresenta, pois verifica-se que o verbo existir foi suprimido, encontrando-se, portanto, subentendido, não só depois da vírgula, como também depois da conjunção coordenativa copulativa e, que acaba, neste contexto, por substituir a vírgula, já que, caso a enumeração continuasse, teríamos obrigatoriamente de colocar o referido sinal de pontuação. Assim, leia-se «Existe sauna, [existe] hidromassagem e [existem] banhos turcos à disposição».
Deste modo, respondendo directamente à consulente, podemos concluir que, se não pensarmos numa perspectiva puramente normativa, e tendo em conta as reflexões aqui apresentadas, não, não tem obrigatoriamente de conjugar o verbo no plural. Quando muito, poderia eventualmente textualizar o verbo existir antes de «banhos», visto que este nome se encontra no plural, enquanto os outros («sauna» e «hidromassagem») se encontram no singular: «Existe sauna, hidromassagem e existem banhos turcos.»