A definição dos termos referidos e exemplos de uso podem ser encontrados em qualquer dicionário de língua portuguesa (suficientemente extenso). Resumimos abaixo o que nos diz o Dicionário Houaiss.
A sínclise é o nome que se dá ao processo de emprego dos pronome átonos (ou clíticos), em relação ao verbo. Um pronome sinclítico é, portanto, um pronome (átono/clítico) que se coloca junto a um verbo. Um pronome átono pode ocorrer em ênclise (à direita do verbo), mesóclise (no interior da forma verbal) ou próclise (à esquerda do verbo). Consoante a sua posição, o pronome pode ser denominado enclítico (ex.: ofereceu-lhe, avistou-nos, intrometeu-se, etc.), mesoclítico (ex.: dar-lhe-ei, receber-nos-ão, vê-las-íamos, etc.) e proclítico (ex.: eu não lhe dei, porque te amo; acho que nos reconheceram, etc.).
Relativamente à apossínclise (fenómeno também conhecido por interpolação), diz-se do processo de intercalação de uma ou mais palavras entre o verbo e o pronome átono proclítico (ex.: «o que eu lhe não disse» [em vez de: «o que eu não lhe disse»]). Conforme explicado na Gramática da Língua Portuguesa, de Mateus et alii (2003:866-867), este processo era generalizado no português antigo e clássico, contudo, a partir do século XVII, a interpolação restringe-se à palavra não, já que este operador de negação é o único elemento com propriedades nucleares de tipo clítico.
Quanto à dissínclise, apesar de não encontrarmos nenhuma entrada em nenhum dos dicionários consultados, parece-nos dizer respeito à omissão dos pronomes clíticos em construções com vários verbos com a mesma regência (ex.: «apenas ele me encontrou e [-] cumprimentou»). Note-se que apenas o segundo pronome pode ser elidido.
Sobre a origem da mesóclise, aconselhamos a consulta de um artigo de Cássia Tomanin, A Nova Modalidade de Mesóclise no Português Brasileiro, que se encontra disponível para leitura em linha, e que apresenta, no final, indicações bibliográficas pertinentes.
Segundo Mateus et alii (2003:865): «este padrão de colocação [a mesóclise] tem origem na gramática do português antigo, em que as formas de futuro e de condicional eram ainda analisadas como formas analíticas, constituídas pela forma infinitiva do verbo principal e auxiliar haver no presente e no imperfeito do indicativo [...]. Contudo, já nesta fase da história da língua, parece haver reanálise das formas analíticas do futuro e condicional como formas sintéticas, registando-se numerosos casos de ênclise, em particular com verbos irregulares [...]. Mas dados de aquisição, produção de falantes de variedades populares e, em geral, de gerações mais novas revelam que a ênclise está a invadir os contextos de mesóclise.»
Sempre ao dispor.