Celso Cunha e Lindley Cintra, na Nova Gramática do Português Contemporâneo (Lisboa, Edições João Sá da Costa, 1984, pág. 692), definem rima soante perfeita quando há completa coincidência de sons a partir da vogal tónica entre palavras que terminam um conjunto de versos; por exemplo (ibidem):
«Céu puro que o Sol trouxe
Claro de norte a sul,
O teu olhar é doce,
Negro assim, qual se fosse
Inteiramente azul.»
(Alphonsus de Guimaraens)
Esclareça-se que estamos a falar de coincidência de sons e não de letras. É por isso que trouxe pode rimar com fosse (pelo menos, nas normas brasileira e portuguesa).
Quanto a rima rica, trata-se da que se faz com palavras de classe gramatical diversa ou de finais pouco frequentes (ibidem):
«O teu olhar, Senhora, é a estrela da alva
Que entre alfombras de nuvens irradia:
Salmo de amor, canto de alívio, e salva
De palmas a saudar a luz do dia»
(Alphonsus de Guimaraens)
Nestes versos, a rima é rica, porque há palavras de classes diferentes que rimam: alva, que é um nome, rima com salva, que é forma verbal; irradia, que é verbo, rima com dia, que é nome.