Um teste comummente usado para saber se o complemento de um verbo ou de um nome é preposicionado consiste em substituir esse complemento por um pronome demonstrativo, como isso. Se o verbo ou o nome regerem uma preposição, ela terá de anteceder obrigatoriamente o pronome. Assim, partindo do primeiro caso apresentado pela consulente, teremos as seguintes frases gramaticais: «Tenho receio de que ele me bata.»/«Tenho receio disso.» Se suprimirmos a preposição, usando o pronome isso no lugar do complemento, obteremos uma frase agramatical: «*Tenho receio isso.» Note-se que o verbo recear não rege preposição («alguém receia algo» e não «alguém receia de algo»). No primeiro exemplo apresentado, o constituinte que rege a preposição de é o nome receio. A queda de uma preposição antes da conjunção integrante que é bastante frequente no português (fenómeno a que se costuma chamar “queísmo”). Daí que muitos dicionários registem variantes não preposicionadas nestes contextos. No que respeita ao verbo gostar, se usarmos o teste apresentado acima, vemos que este verbo exige a presença de preposição se tiver como complemento o pronome isso: «Gosto disso», mas não «Gosto isso». No entanto, diante da conjunção integrante que, os dicionários consideram a preposição opcional, ou seja, tanto a variante preposicionada como a não preposicionada são aceites: «Gosto de que me façam elogios.» «Gosto que me façam elogios.» Relativamente ao último caso apresentado pela consulente («a vontade que» ‘vs.’ «a vontade de que») é preciso ver se o que é uma conjunção integrante ou um pronome relativo. Se se tratar de uma conjunção integrante, aplica-se o mesmo que foi dito acima: «Tenho vontade disso.» «Tenho vontade (de) que ele se vá embora.» Se se tratar de um pronome relativo e se este desempenhar a função de complemento directo, a preposição será desadequada: «A vontade que ela teve de se ir embora!» «[A vontade]i [que]i ela teve [-]i de se ir embora!»